Em entrevista ao Observador, Nuno Melo foi questionado se vai a votos mesmo que o congresso seja adiado para depois das legislativas e foi taxativo na resposta: “Sim, claro que sim”.

“Essa é para mim uma questão de princípio, muito embora todos saibamos que a política é suficientemente dinâmica para de hoje para amanhã acontecer qualquer coisa”, salientou.

E deixou um aviso aos adversários, apontando que “não é pelo facto de se comportarem como se estão a comportar” que o “vão fazer desistir”.

“Estou aqui porque foi convocado um congresso, não porque queira fazer um assalto ao poder”, salientou.

Nuno Melo indicou também que não sairá do partido, como fizeram por exemplo os ex-dirigentes Adolfo Mesquita Nunes ou António Pires de Lima, que anunciaram no fim de semana a sua desfiliação do CDS-PP.

“Fico neste partido a lutar por aquilo que considero que são já questões de legalidade e decência, muito mais do que o simples direito estatutário de ser candidato a um congresso”, disse.

Nuno Melo voltou a criticar o adiamento do congresso (marcado para 27 e 28 de novembro), decidido pelo Conselho Nacional de sexta-feira que foi impugnado, e defendeu que “um partido institucional não salvaguarda apenas as aparências, mesmo do ponto de vista estritamente legal”.

O candidato à liderança considerou igualmente que se tem assistido a “práticas de forte pulsão totalitária no CDS”, apontando que “normalmente os ditadores só prevalecem quando os homens bons baixam os braços”.

“Esta promiscuidade entre diferentes órgãos para que se legitime, com violação de regras, o adiamento de um congresso que os próprios quiseram, numa disputa que a dado passo acharam que podiam perder, esta é uma pulsão manifestamente totalitária, muito desconforme com os pergaminhos do CDS, que sempre foi um partido nas disputas muito democrático e sempre deu igualdade de armas às pessoas na contenda”, criticou.

O também líder da distrital de Braga do CDS-PP defendeu que “o partido pacifica-se rapidamente se o congresso acontecer” e disse esperar que “aquelas cabeças possam ser iluminadas pelo senso óbvio de quem tem de entender que está nas suas mãos a resolução deste problema”.

“O que é normal em qualquer pessoa que se queira de boa-fé num partido político é que no fim de dois ciclos que são coincidentes a liderança tenha oportunidade de escolher os protagonistas com que vai estabelecer a base programática que é aprovada no congresso”, frisou.

Na sua ótica, o “descrédito em que o partido tem sido lançado tem sido tão grande” e “o país não gosta disto que está a acontecer e menos gostam os eleitores e militantes do CDS”.

Na entrevista, Nuno Melo disse também que não falou com o Presidente da República sobre a data das eleições legislativas, e que apesar de ter pedido uma audiência não tem uma data prevista para acontecer, mas considerou que Marcelo Rebelo de Sousa “está munido de todas as informações necessárias”.

O dirigentes centrista pediu também ao chefe de Estado que tenha “em conta o tempo necessário para que os partidos à direita estabilizassem as suas lideranças”.