
O café atingiu ontem máximos históricos em 50 anos, uma escalada de aumentos iniciada há dois anos e com tendência para, eventualmente, continuar. A negociação das variedades arábica e robusta continua em alta e a subida de preço para o consumidor final tem sido a norma.
O preço do café “é uma preocupação” para o presidente executivo (CEO) do Grupo Nabeiro-Delta Cafés, Rui Miguel Nabeiro.
Isso mesmo foi manifestado perante os jornalistas à margem do lançamento do café Amboim pela Delta The Coffee Experience, em Lisboa, um lote produzido em Angola por 12 mulheres, parceria com a Associação das Mulheres Empreendedoras de Porto Amboim, província do Cuanza Sul, Angola.
“No ano passado fizemos dois aumentos de preço”, relembrou o gestor que, contudo, recua em eventuais cenários sobre quanto irá pagar quem consome.
“Não posso e não falarei sobre o preço de retalho do produto, isso é o preço que os retalhistas praticarão”, avisou. “Portanto, não sei qual é o preço a que o café irá chegar à bica”, acrescentou.
“Podemos falar se é especulação, se não é especulação, já ouvi muitas teorias, o que é facto é que há pouco café para comprar no mercado e isso tem impactado no preço”, analisou Rui Miguel Nabeiro.
“Se há aqui especulação ou não, não sei, não sou financeiro para responder claramente. Quero acreditar que é, porque o café não desapareceu do mercado e o consumo de café a nível global cresceu relativamente”, frisou quando questionado a comentar a conjuntura internacional do preço do café.
“Infelizmente, não é só no café que temos visto, porque vemos que todas as commodities, ouro incluído, têm sido um refúgio de investidores financeiros”, acrescentou ao olhar para as recentes valorizações de matérias-primas, aumentos justificados pela instabilidade internacional.
Em relação ao que se pode esperar para 2025, o presidente executivo do Grupo Nabeiro – Delta Cafés não antecipa um cenário.
“Não consigo fazer futurologia sobre o que é que vai acontecer. Quero acreditar que o café não vai continuar a subir muito mais para lá onde está. Mas há um ano atrás dizia isto e de repente subiu 50% na origem”, recordou.
Perante os factos, o gestor entreabriu as portas da estratégia da empresa. “A Delta trabalha sempre com seis a nove meses de stock e temos cobertos de stock até junho e, portanto, se me perguntam o que é que a Delta vai fazer, a resposta é, até neste momento não tenho uma resposta óbvia, dependerá da evolução natural do preço do café”, avisou o CEO do Grupo Nabeiro-Delta Cafés.
“A Delta Cafés irá sempre proteger as suas margens do seu negócio, é muito importante que o façamos. Somos uma empresa que quer ser sustentável no longo prazo e, portanto, quando sentirmos que não temos outra hipótese, que não seja passar esse preço para o consumidor, teremos que o fazer”, antecipou.
Comentários