
Durante o desfile de celebração do título da Premier League pelo Liverpool FC, na segunda-feira, 26 de maio, um veículo atropelou uma multidão de fãs, resultando em 47 feridos, incluindo quatro crianças.
No total, 27 pessoas foram hospitalizadas, com quatro em estado crítico. Segundo autarca da cidade, Steve Rotheram, citado pelo The Guardian, estas quatro vítimas estão ainda "muito, muito doentes".
O condutor, um homem britânico de 53 anos, foi detido no local. As autoridades não estão a tratar o incidente como um ato de terrorismo, mas estão a investigar se o condutor acedeu à área restrita após seguir uma ambulância.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, lamentou hoje que a alegria da vitória do Liverpool na Premier League se tenha transformado em "horror e devastação" quando um homem atropelou dezenas de pessoas.
"Cenas de alegria transformaram-se em puro horror e devastação, e os meus pensamentos, assim como os de todo o país, estão com todos os que foram afetados — os feridos, que incluem naturalmente crianças —, as suas famílias, os seus amigos, toda a comunidade e os adeptos do Liverpool em todo o mundo", disse.
"E Liverpool está unido, e todo o país está com Liverpool. Gostaria de agradecer aos primeiros socorristas que fizeram um trabalho fantástico ontem à noite e continuam a fazê-lo. Neste momento, há uma investigação em curso. Estou a ser mantido informado e tenho falado frequentemente com o Presidente da Câmara, Steve Rotheram, mas, como disse, os meus pensamentos e os de todo o país estarão com todos em Liverpool neste dia", acrescentou.
Reforçando que o que aconteceu é "uma questão para a polícia" e que "a investigação está em curso" acentuou que "hoje é, acima de tudo, um dia para pensar em todos os que foram afetados por isto e para deixar absolutamente claro que estamos do lado deles".
O Rei Carlos III, em declarações à AFP, diz estar "chocado" com o ataque, que começa a provocar mais reações.
Autoridades pedem o fim da especulação
Assim que a notícia foi lançada, a polícia de Liverpool divulgou de imediato dados sobre o condutor do atropelamento para evitar especulações: "Branco, britânico, de 53 anos, agiu sozinho e não há suspeita de terrorismo." O objetivo é desvincular-se das acusações da extrema-direita, refere o jornal local South China Morning Post.
As autoridades britânicas foram criticadas após os assassinatos em Southport no verão passado por não divulgar mais informações, o que permitiu que boatos falsos se espalhassem online, alegando que o assassino era um refugiado muçulmano. Desta vez, esclarecem a situação e apelam à moderação, pedindo o fim da especulação.
"Acreditamos que este é um incidente isolado e, neste momento, não estamos à procura de ninguém relacionado com o mesmo. O incidente não está a ser tratado como terrorismo", disse a subchefe da polícia de Merseyside, Jenny Sims, aos jornalistas.
O presidente da Câmara de Liverpool, Steve Rotheram, também confirmou que a declaração era necessária para acalmar as especulações nas redes sociais: "Essa foi uma das minhas primeiras preocupações: precisávamos de divulgar a história rapidamente", disse à BBC.
"Se houver um silêncio, sabemos que há alguns elementos que vão tentar inflamar a situação, criar especulações e divulgar informações erradas”, explicou.
Dal Babu, ex-chefe da polícia metropolitana, reforçou que "o que temos, e isso é sem precedentes, é a polícia a divulgar muito rapidamente a etnia e a raça da pessoa que dirigia o veículo... e foi a polícia de Merseyside que não forneceu essa informação no caso dos horríveis assassinatos em Southport das três meninas, e surgiram boatos de que se tratava de um solicitante de asilo que chegou de barco, um extremista muçulmano — o que não era verdade", disse à BBC Radio 5 Live
O antigo polícia congratula a equipa pela rapidez e acrescenta que a decisão “foi justamente para tentar conter algumas das especulações da extrema-direita que continuam a circular no X (antigo Twitter)" e desmente os recentes comentários que acusam "um extremista muçulmano" e criam "uma teoria da conspiração” racista sobre o caso.
Comentários