Filippo Bernardini, antigo funcionário da editora Simon & Schuster no Reino Unido acusado de fraude e roubo de identidade, admitiu ter roubado mais de 1000 manuscritos não publicados de autores desde Margaret Atwood, Sally Rooney e Ian McEwan a estreantes no panorama literário.
Filippo Bernardini fazia-se passar por agente e editor de forma a obter manuscritos dos escritores e dos seus representantes por email. Segundo o ex-funcionário, o objetivo não era publicá-los, mas "guardá-los" e "ser um dos poucos a apreciá-los antes de qualquer outra pessoa, antes de eles chegarem às livrarias", adiantou o The Bookseller.
"Houve momentos em que eu li os manuscritos e senti uma conexão especial e única com o autor, quase como se fosse eu o editor daquele livro", acrescentou Bernardini.
"Quando eu trabalhava [na editora Simon & Schuster], vi manuscritos a serem partilhados entre editores, agentes e olheiros literários, ou mesmo com pessoas de fora da indústria. Então pensei: porque é que não posso ler esses manuscritos também?".
Para isso, Filippo Bernardini enviou emails falsos, fazendo-se passar por agentes e editores da indústria literária para obter os manuscritos não publicados, movido pelo "desejo ardente" de se sentir como um desses profissionais. "Esse comportamento tornou-se uma obsessão, um comportamento compulsivo".
Filippo Bernardini foi detido em janeiro de 2022 em Nova Iorque, e declarou-se culpado por fraude eletrónica em janeiro de 2023. Admite agora que o que fez foi "errado" e lamenta que o seu nome fique "para sempre associado a este crime".
*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Ana Maria Pimentel.
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