O estudo, publicado esta semana na revista da especialidade Geology, teve a colaboração dos geólogos João Duarte e Filipe Rosas, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que hoje divulgou em comunicado os resultados do trabalho.
Ciclicamente, ao longo da história da Terra, os oceanos 'morrem', isto é, fecham-se e os continentes juntam-se, formando um supercontinente.
Há 200 milhões de anos, quando os dinossauros habitavam a Terra, todos os continentes estavam reunidos num supercontinente, a Pangeia, em que a América do Sul estava ligada a África.
O oceano Atlântico nasceu quando, devido à atividade tectónica, Pangeia se dividiu, há cerca de 180 milhões de anos.
Em 2016, João Duarte e Filipe Rosas publicaram um estudo que admitiu como cenário provável a formação de um novo supercontinente dentro de 300 milhões de anos, em resultado do fecho simultâneo dos oceanos Atlântico e Pacífico.
O novo supercontinente, a que deram o nome de Aurica, seria formado no seu núcleo pela Austrália ('Au') e pela América ('rica'), que passariam a estar ligadas.
No novo estudo, hoje divulgado, os dois geólogos portugueses e investigadores da universidade alemã Johannes Gutenberg, sugerem que o Atlântico começará a fechar-se dentro de 20 milhões de anos a partir do estreito de Gibraltar, que liga o oceano ao mar Mediterrâneo.
Para que oceanos como o Atlântico se fechem é necessária a formação no seu interior de novas zonas de subducção - locais onde duas placas tectónicas convergem e uma mergulha na outra.
Recorrendo a um modelo computacional a três dimensões, João Duarte, Filipe Rosas e restante equipa científica argumentam que a zona de subducção na região do estreito de Gibraltar, que poucos cientistas assumem estar ativa dado o abrandamento da sua atividade, "se irá propagar para o interior do Atlântico e irá contribuir para a formação de um sistema de subducção neste oceano", dando origem ao 'Anel de Fogo do Atlântico', semelhante ao Anel de Fogo do Pacífico, área de forte atividade vulcânica e sísmica.
No Atlântico já existem duas zonas de subducção totalmente desenvolvidas, mas que invadiram o oceano "há vários milhões de anos": o Arco da Escócia, perto da Antártida, e o Arco das Pequenas Antilhas, nas Caraíbas.
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