Uma visita rápida a qualquer supermercado serve para confirmar um detalhe que muito tem sido falado nos últimos tempos: o preço do azeite não tem parado de aumentar.

Com isto, fica a pergunta: não há azeitona e isso faz o valor disparar?

Em setembro, o Eurostat divulgava que Portugal registou, no segundo trimestre, o maior aumento de preços dos produtos agrícolas de base. Os citrinos foram os produtos cujos preços mais subiram na UE entre abril e junho (89% em média), seguindo-se o azeite (48%) e as batatas (38%), um agravamento atribuído às quebras de produção devido à seca.

E o problema na produção não se verifica apenas por cá. Por exemplo, Marrocos decidiu limitar a exportação de azeite face à quebra na produção de azeitona devido à seca sofrida nos últimos de anos, estimando uma campanha 44% inferior à de 2021.

Esta quebra de produção deve-se também à onda de calor registada em abril, altura em que as oliveiras deveriam florescer, o que provocou um contínuo stress hídrico em diferentes regiões, como bem como o granizo que caiu na província de Taourirt.

Mas voltemos a Portugal. Além do aumento do preço, outro problema começa a surgir quando se fala na questão da azeitona: os roubos nos olivais parecem estar a aumentar.

Esta terça-feira, a GNR recuperou 150 quilos de azeitona furtada no concelho de Ponte de Sor, distrito de Portalegre, e identificou o suspeito do furto, um homem de 29 anos.

No sábado, a GNR tinha revelado também ter detido em flagrante um homem, de 53 anos, e uma mulher, de 51, pelo mesmo tipo de furto no concelho de Vila Viçosa, distrito de Évora. Eram 240 quilos deste fruto.

Já a 21 de outubro, três homens e uma mulher foram detidos em flagrante quando furtavam azeitona, tendo sido também apreendido cerca de 800 quilos daquele produto, no concelho de Castro Verde, Beja.

Dias antes, a GNR anunciava a apreensão de 300 quilos de azeitona e a detenção de seis pessoas, em duas ações distintas, nos concelhos de Aljustrel e Vidigueira, no mesmo distrito.

De recordar que estas ações surgem como parte da operação “Campo Seguro 2023” da GNR, que, através de patrulhamento, sensibilização e fiscalização, tem o propósito de evitar crimes contra o património em propriedades agrícolas e de reforçar o policiamento para dissuadir e reprimir a prática de furtos nos campos agrícolas.

Além dos roubos, também há quem falsifique a produção de azeite: a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), através da unidade operacional de Mirandela, apreendeu cerca de 4.300 litros de óleo de bagaço de azeitona que estava a ser comercializado como azeite virgem extra.

"A escassez do azeite e o subsequente aumento do seu preço contribui para a existência de um alegado maior risco de práticas fraudulentas associadas a este produto tão apreciado pelos consumidores", refere a ASAE, que assegura ter reforçado o acompanhamento e vigilância do setor "em prol de uma sã e leal concorrência entre operadores económicos e da defesa segurança dos consumidores".

Quanto à azeitona, resta um alerta: a colheita ou apanha sem o consentimento do proprietário do olival, ainda que esteja caída no chão, poderá configurar crime contra o património.