“Como é que a gente capta, prolonga e cria uma cauda longa” a partir do “efeito de transformação” que acontece na Cidade do Rock? A pergunta foi feita por Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio e responsável por este festival em Portugal, num palco improvisado nos escritórios da empresa em Lisboa, esta quarta-feira, dia 8. A resposta foi dada logo de seguida: “Através da educação e das pessoas”. “De cada pessoa”, sublinhou.

Estava dado o pontapé de saída para a apresentação da Rock in Rio Innovation Week de 2019. Quatro dias (de 2 a 5 de julho) para que empresários, freelancers, estudantes universitários, executivos — e quem mais queira se juntem para “provocar novas visões, fomentar ideias, promover a atitude positiva e o espírito de partilha, criar futuros desejáveis, mexer o nosso redor, fazer acontecer”, lê-se no site do evento.

A responsável por este projeto do Rock in Rio é Agatha Arêas, que subiu logo a seguir ao palco para explicar como é que tudo vai acontecer.

Tendo como linha condutora o conceito de “edutainment” — educação aliada a entretenimento [“education” e “entertainment”, em inglês] — a proposta é desenvolver atividades que levem os participantes a ganhar “ferramentas” para desenvolver “novos modelos mentais” de trabalho e de vida, e a abraçar um espírito de “agentes de mudança”, em sintonia com o lema adotado pelo Rock in Rio em 2001 - “por um mundo melhor”.

“A gente faz festa boa, mas também coisa séria”

O registo “informal” e “positivo” que caracteriza a cultura do Rock in Rio, disse Agatha Arêas em conversa com o SAPO24 no final da apresentação, “dá espaço para que as pessoas sejam mais transparentes”. E, através dessa transparência, aprofundam-se os valores e as práticas que a organização acredita fazerem a diferença: o respeito, a responsabilização, o espaço para o erro, a entrega.

É por isso que na Innovation Week não basta aparecer, ‘picar o ponto’ e ir embora, explicou Agatha Arêas. Participantes e oradores são desafiados a viver a experiência de forma intensa e imersiva. “A gente faz festa boa, mas também coisa séria”, defende a responsável.

Para isso, a organização convida a um percurso a três níveis: inspiração, experimentação e conexão. Os convidados partilham os seus conhecimentos em palestras e painéis (inspiração); essa sabedoria é posta em prática em workshops, oficinas, labs e iniciativas artísticas (experimentação); e todos são encorajados a criar ligações e a comunicar de forma próxima nos momentos de happy hour, concertos e mentoria (conexão).

Inovando a Innovation Week: O que há de novo na segunda edição

Tudo se parece ter multiplicado este ano: de mil participantes, o evento vai passar a acolher dois mil; o programa incluirá um maior número de atividades; a Galp junta-se como founding partner, assumindo o papel de co-construção da iniciativa desde o início; e as sessões, que estavam concentradas no edifício do LACS (um cluster criativo junto à doca do espanhol, no rio Tejo), vão estar distribuídas por vários locais, estendendo-se aos jardins do LACS, à vizinha Casa do Desenho e à ponte que delimita o acesso à doca.

A ponte? O que é que se vai passar na ponte? Agatha Arêas não pode desvendar para já, mas revelou ao SAPO24 que “vão ser experiências, porque ali tem de ser sensorial”.

Embora o programa só seja revelado mais tarde, está já decidido que existirá um palco livre, onde os participantes poderão apresentar as suas próprias ideias. As regras de candidatura para estas apresentações serão divulgadas mais perto da data do evento.

Quanto à temática, com base no feedback dado pelos participantes da edição do ano passado, a organização quer que, mais do que um evento “que oferece um conjunto de conteúdos”, a iniciativa passe a ser focada no ser humano, explica Agatha Arêas num comunicado.

“Tivemos a oportunidade de mapear os temas mais procurados pelos participantes e por quem acompanhou a iniciativa pelas redes sociais. Ficou claro que a ‘pessoa’ está no centro do interesse do público do projeto”, diz a responsável na nota. “E, por isso, a edição de 2019 inaugura um novo formato (…) que posiciona o indivíduo como ponto de partida da inovação e principal agente de transformação da sua vida e do mundo ao seu redor”, acrescenta.

Os fatores “aprendizagem” e “experiência pessoal” revelaram-se tão importantes que o Rock in Rio criou uma nova área de negócio — também apresentada esta quarta-feira — para cuidar de toda a vertente de educação desenvolvida pela empresa.

A Learning Experience Unit, ou LexU, de que Agatha Arêas é agora a vice-presidente, deixando o cargo de diretora de marketing, que ocupava há 19 anos, agregará em si projetos como a Innovation Week, o Rock in Rio Academy [uma formação executiva baseada no modelo de negócio do Rock in Rio, já com duas edições realizadas em Portugal] e outras iniciativas.