“Este orçamento, ainda não tive oportunidade de o ver com todo o detalhe (…), mas o principal já se consegue ver: este é um orçamento que não aposta no futuro, aposta no presente e, em 2019, apostar no presente significa apostar nas eleições. E, portanto, todas as folgas que há é para distribuir e isto tem uma marca ideológica do PS e, particularmente, do Bloco de Esquerda e do PCP”, declarou Rio.

O líder do PSD falava aos jornalistas em Bruxelas à margem de uma reunião do Partido Popular Europeu (PPE).

Rui Rio reagiu hoje pela primeira vez à proposta de OE2019 apresentada na segunda-feira, perto da meia-noite, pelo Governo de António Costa, tendo considerado que há “um bodo aos eleitores”, mas também “há uma mistura de medidas que não são como o Governo está a dizer, que pretende enganar os eleitores”.

Rio escusou-se a revelar se o PSD votará contra este orçamento na votação na Assembleia da República, apontando que essa será uma decisão a ser tomada pelo partido em sede da comissão política nacional, que se reunirá na próxima semana, mas observou que "este orçamento vai na linha dos outros, para pior um bocado".

Apontando por diversas vezes que só gosta de “falar com conhecimento de causa” e que ainda não teve oportunidade de avaliar toda a proposta orçamental em detalhe, até porque a mesma só foi “entregue quase na terça-feira”, o presidente do PSD afirmou, todavia, que já é possível concluir que se trata de um orçamento, “como costuma dizer o povo”, de “chapa ganha, chapa gasta”, apesar de ser estranho os professores terem sido excluídos do “bodo”.

“Nesse sentido, quando se tenta contentar tudo e fazer aqui um bodo aos eleitores, até estava à espera que também houvesse para os professores. Até fico um bocado admirado: o Governo tem este conflito com os professores, deu ali um bodo a todos, e não contempla os professores”, comentou.

Para Rui Rio, havendo “coisas que efetivamente são um bodo aos eleitores”, também há outras "que o Governo está a dizer que são assim, mas são medidas enganadoras”, apontando como exemplos a alegada isenção de IRS para as horas extraordinárias e a redução do IVA da eletricidade.

“Neste momento, há uma certa ideia geral de que as horas extraordinárias ficam isentas de IRS, foi mais ou menos isto que foi vendido, e não é nada disso, notoriamente não é nada disso: pagarão IRS como todos os demais rendimentos”, apontou.

Na questão do IVA da eletricidade, prosseguiu, só irá baixar o IVA sobre o contador.

“Penso que foi o PCP, já não sei bem, que veio dizer que ganhou, que vai baixar o IVA da eletricidade, mas o IVA da eletricidade não vai baixar, vai baixar só o IVA sobre o contador, que é uma coisa que vai dar 80 e tal cêntimos de poupança por mês às faturas de eletricidade e, ainda assim, aqueles que têm uma potência contratada baixa”, acrescentou.

Em suma, disse, “é um orçamento que segue um bocado na linha dos outros, mas um bocadinho mais marcado pelas eleições de 2019”.

Dada a escusa em adiantar o sentido de voto do PSD, Rui Rio foi questionado se as três opções (voto a favor, abstenção ou voto contra) estão todas em cima da mesa, mas respondeu apenas, com um sorrico, que assim é “teoricamente”.

A proposta de orçamento do Governo será votada na generalidade, no parlamento, no dia 30 de outubro, estando a votação final global agendada para 30 de novembro.

[Notícia atualizada às 16h52]