A posição foi transmitida em conferência de imprensa, no seguimento de uma reunião do grupo realizada na segunda-feira, para analisar a eficácia da vacina.
Vários países, incluindo Portugal, recomendaram que a vacina não fosse administrada a pessoas com mais de 65 anos, por haver dúvidas sobre a eficácia nesse grupo etário.
Alejandro Cravioto, presidente do SAGE, recomendou que a vacina fosse administrada a todos os grupos etários (com algumas exceções por falta de informação, como mulheres grávidas), independentemente das variantes que predominem nos países.
Nas recomendações, provisórias, os peritos da OMS notam que a eficácia da vacina AstraZeneca tende a ser maior quando o intervalo entre a primeira e a segunda dose é mais longo, e sugerem um intervalo entre oito a 12 semanas entre as duas doses.
A OMS recomenda também que não devem ser administradas vacinas diferentes contra a covid-19. Diz que deve haver um intervalo de 14 dias entre a vacina da AstraZeneca e qualquer outra vacina comum, assegura que não foram até agora registadas reações alérgicas à vacina e que ela pode ser administrada a quem esteja, por exemplo, constipado.
Alejandro Cravioto reconheceu que nos ensaios da vacina houve um número “relativamente pequeno” de participantes com mais de 65 anos, e que houve poucos casos de covid-19 quer dos que levaram a vacina quer do grupo de controlo, razão pela qual o intervalo de confiança na estimativa de eficácia é muito largo, esperando para breve estimativas de eficácia mais precisas.
No entanto, acrescenta a OMS, as respostas imunitárias induzidas pela vacina em pessoas mais idosas são semelhantes às de outros grupos etários, e os dados indicam que a vacina é segura para pessoas com mais de 65 anos.
De resto os peritos aconselham a vacina para pessoas com comorbilidades, como obesidade ou doenças cardiovasculares, ou diabetes, não a recomendam para menos de 18 anos por falta de dados sobre a eficácia, e também não recomendam para mulheres grávidas, exceto se o benefício for superior aos riscos de vacinação. E dizem que não há dados suficientes sobre a vacinação para pessoas com sida ou doenças autoimunes.
A vacina AstraZeneca, importante para a OMS porque é uma das que vai ser distribuída (mais de três centenas de milhões de doses) pelo mecanismo COVAX (iniciativa para uma distribuição global e equitativa de vacinas), ao contrário de outras pode ser conservada numa rede normal de frio, o que foi salientado hoje na conferência de imprensa.
"É uma das vacinas que podem ser armazenadas em frigoríficos normais, por isso vai ser muito útil", disse o cientista chefe da OMS Soumya Swaminathan.
Alejandro Cravioto admitiu que a vacina possa ter menos eficácia em relação às novas variantes do novo coronavírus mas acrescentou que há dados que indicam que protege contra casos graves de covid-19, embora possa ser menos eficaz em casos ligeiros.
“Não há nenhuma razão para não a aconselhar, mesmo em países onde circulam as novas variantes”, disse.
Um estudo feito na semana passada na África do Sul, onde circula uma das novas variantes, indicou que a eficácia da vacina AstraZeneca era muito limitada, podendo ser apenas de 22%, o que levou o país a adiar a distribuição.
Na conferência de imprensa Soumya Swaminathan disse no entanto que não se devem comparar vacinas nem esperar por outras melhores, porque “qualquer vacina disponível é melhor do que esperar”.
Também Katherine O´Brien, diretora de imunização da OMS, sublinhou que é sempre preferível vacinar, mesmo que a eficácia seja menor.
Nas recomendações apresentadas hoje os peritos da OMS não defenderam que sejam vacinados os viajantes internacionais, dado que ainda há poucas vacinas disponíveis no mercado.
A eficácia da vacina AstraZeneca está estimada em 70%, enquanto as vacinas Pfizer/BioNTech ou Moderna têm uma eficácia superior a 90%.
AstraZeneca faz parceria com alemã IDT Biologika para acelerar produção de vacinas
A AstraZeneca estabeleceu uma parceria com a alemã IDT Biologika, para aumentar a capacidade de produção de vacinas contra a covid-19 destinadas à Europa a partir do segundo trimestre, anunciou hoje o grupo farmacêutico anglo-sueco.
Os dois laboratórios realçaram, em comunicado, que estão a "examinar as possibilidades de acelerar a produção da vacina AstraZeneca", com o anúncio a surgir depois de a farmacêutica - que desenvolveu a vacina com a Universidade de Oxford -, ter sido acusada de atrasos nas entregas para a União Europeia (UE).
O grupo anglo-sueco informou que começou a expedir em 05 de fevereiro as primeiras dos 17 milhões de doses de vacinas que vão ser entregues na UE nas próximas semanas, a que se seguirão novas entregas em março.
Ainda assim, a AstraZeneca vincou que esta parceria com a empresa alemã, que visa acelerar a produção de vacinas "para ajudar imediatamente a vacinação na Europa", contempla também uma segunda etapa, para aumentar a capacidade de uma unidade da IDT Biologika em Dessau, na Alemanha, para produzir milhões de doses por mês até ao final de 2022.
Este investimento, cujos detalhes ainda não foram divulgados, deverá permitir a produção de outras vacinas do mesmo tipo da AstraZeneca e fará do laboratório alemão um dos maiores fabricantes na Europa.
"Este acordo ajudará muito a Europa a aumentar as suas próprias capacidades de produção de vacinas, o que permitirá responder aos desafios atuais da pandemia e garantir uma oferta estratégica no futuro", salientou, citado no comunicado, Pascal Soriot, presidente executivo da AstraZeneca, agradecendo o apoio ao projeto do governo federal alemão e da Comissão Europeia.
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