“A consignação do IRS tem sido há muitos anos fundamental para as atividades desenvolvidas pelo terceiro setor [associações e entidades sem fins lucrativos] e, para nós, é a primeira fonte de financiamento”, disse à Lusa Rosária Jorge, da Operação Nariz Vermelho (ONV), lamentando que a maioria da população portuguesa não use esta possibilidade de ajudar os mais desfavorecidos, apesar de não ter qualquer custo.
Segundo a responsável, 61% dos portugueses não fazem a consignação de 0,5% do IRS, “desperdiçando a oportunidade de apoiar as causas em que acredita”.
No caso da ONV, a consignação do IRS tem um peso de cerca de um terço no orçamento anual da entidade, correspondendo a entre 400 mil a 500 mil euros anuais, revelou Rosária Jorge, acrescentando que, graças às ações de sensibilização, as verbas disponíveis têm subido de ano para ano.
“Sabemos que há dois momentos mais fortes na entrega do IRS, que são as duas ou três primeiras semanas, e as duas ou três últimas semanas. Como ainda falta mais de um mês para terminar o prazo de entrega deste ano [que decorre entre 01 de abril e 30 de junho], este apelo não vem tarde”, sublinhou.
Rosária Jorge salientou que, num ano marcado pelo novo coronavírus, esta forma de contribuição ganha ainda maior importância para a atividade das associações sem fins lucrativos, como é o caso da ONV, que tem como principal missão a ação junto das crianças nos hospitais públicos, através dos doutores palhaços.
“A vida da ONV modificou-se de uma semana para a outra. Fazemos este ano 18 anos a levar alegria às crianças nos hospitais públicos”, vincou, especificando que os 30 doutores palhaços da entidade atuam em 17 hospitais e em mais de 100 serviços.
“Pela primeira vez, deixámos de ir aos hospitais e temos toda a equipa em teletrabalho. Criámos em duas semanas a TV ONV [disponível no Youtube, Facebook e Instagram] para continuar a chegar às crianças doentes”, realçou Rosária Jorge, revelando que o novo projeto tem tido um ‘feedback’ “muito positivo” dos hospitais, dos profissionais de saúde e dos pais das crianças.
Desde que a TV ONV foi lançada, a 30 de março, os mais de 300 vídeos publicados contam com mais de 110 mil visualizações. “A única vantagem desta situação é que conseguimos ir além dos 17 hospitais em que habitualmente marcamos presença”, frisou a responsável, garantindo que toda a equipa tem “muita vontade” em voltar ao terreno, mas que tal só será possível quando houver indicações nesse sentido da Direção-Geral da Saúde (DGS) e dos próprios hospitais.
Para assinalar o Dia Mundial da Criança, de dia 01 de junho, a ONV está a preparar, através do seu canal televisivo, uma programação especial, que vai ser transmitida na véspera, domingo (31 de maio), de forma a chegar ao máximo de público possível. “Vamos ter várias surpresas, com a participação especial de muitos artistas, músicos e humoristas, e vai ser um dia inteiro de conteúdos originais dedicados à animação das crianças”, avançou Rosária Jorge.
Portugal entrou no dia 3 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
O Governo aprovou novas medidas que entraram em vigor na segunda-feira, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.
O regresso das cerimónias religiosas comunitárias está previsto para 30 de maio e a abertura da época balnear para 06 de junho.
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