A forte mobilização popular nas ruas das grandes cidades do país no dia da votação e no dia seguinte, em manifestações de massas contra o escrutínio, “desmente os resultados deste enésimo golpe contra a vontade popular”, denunciam em comunicado as forças do Pacto de Alternativa Democrática (PAD).
“O povo argelino denunciou a mascarada eleitoral de 12 de dezembro de 2019″, consideram as PAD, que denunciam a “repressão massiva por todo o país”, destinada a apoiar este “golpe de força do poder de facto”.
Os membros do PAD denunciam uma “vontade flagrante” de “restaurar o sistema autoritário”, sublinham que a “lista de detenções, indiciamentos arbitrários e detidos políticos e de opinião não cessa de aumentar”, que “persistem os entraves às liberdades e direitos fundamentais” e que “o campo mediático permanece proibido a qualquer expressão contrária” à do poder.
“Apenas uma verdadeira transição democrática e um processo soberano” elaborados por uma estrutura independente do poder e “que culmine na saída deste sistema” permitirão “ao povo argelino reapropriar-se da sua soberania”, considera a coligação, que implicitamente rejeita o apelo ao diálogo para “construir uma Argélia nova” emitido pelo presidente eleito Abdelmadjid Tebboune.
Tebboune venceu a primeira volta das presidenciais com 58.13% dos votos, segundo os resultados definitivos. A participação foi fixada em 39,88%, a mais baixa taxa das presidenciais pluralistas na Argélia. Mas as PAD asseguram que a participação efetiva foi inferior a 10%.
Esta coligação da oposição rejeita qualquer escrutínio organizado pelo atual poder, ao considerar que apenas se destina à sua “regeneração”. Integra diversas organizações, designadamente a Frente das Forças Socialistas (FFS) ou a União para a Cultura e Democracia (RCD), dois partidos da oposição, mas ainda a Liga argelina de defesa dos direitos humanos (LADDH) e a União Ação Juventude (RAJ), com diversos dos seus dirigentes e militantes atualmente detidos.
O comunicado apela ainda “às argelinas e argelinos para continuarem a resistir pacificamente contra a ditadura”.
Ainda hoje, o Conselho constitucional argelino divulgou os resultados definitivos, que confirmam a vitória de Tebboune, um ex-colaborador do presidente deposto Abdelaziz Bouteflika.
“O Conselho constitucional proclama Abdelmadjid Tebboune presidente da República argelina democrática e popular”, precisou Kamel Fenniche, presidente da instituição, através de uma declaração transmitida pela televisão nacional e na presença dos restantes 11 membros.
O chefe de Estado eleito “assumirá funções após a prestação do juramento”, prosseguiu Fenniche. A Constituição prevê que o chefe de Estado preste juramento “na semana seguinte à sua eleição”.
“Não recebemos qualquer recurso” dos candidatos derrotados, indicou ainda o presidente do Conselho constitucional.
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