“A coragem da responsabilidade”, pediu Medina

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, pediu hoje que todos assumam “a coragem da responsabilidade” da resposta à situação difícil do país, sem “crises artificiais”.

No seu discurso, Medina elogiou a “visão estratégica e o rumo” escolhidos pelo Governo para responder “de forma inclusiva, ecológica e socialmente responsável” à segunda crise no espaço de uma década.

“Para que isso aconteça é necessário que o país se mantenha focado no essencial. Ninguém entenderia que, num país ainda marcado por feridas da última crise, alguns preferissem uma crise artificial à responsabilidade da resposta à vida de milhões de portugueses”, sublinhou.

O autarca da capital considerou que, quem num passado recente, afirmou que era possível outra política económica “tinha razão”.

“Mas ter razão não basta. É preciso, quando confrontado com as suas responsabilidades, assumir a coragem da sua responsabilidade”, apelou.

O socialista Fernando Medina fez questão de saudar “de forma clara” o Governo PS pela sua proposta de Plano de Recuperação e Resiliência e indicou as quatro prioridades da AML para a utilização da parte que lhe couber.

“Em primeiro lugar, um vasto programa de combate à pobreza e exclusão através da formação e melhoria das condições de empregabilidade”, enunciou.

Por outro lado, o autarca propõe “um programa de habitação digna para todos”, através da eliminação das situações de grave carência habitacional.

Como terceira prioridade, Medina apontou o reforço dos programas municipais de habitação acessível, dirigida aos jovens e famílias da classe média.

“Cidades multifuncionais, com habitação, emprego, escolas e comércio local tudo à distância feitas a pé ou de bicicleta, são cidades mais vivas”, defendeu.

Por último, o presidente da maior câmara do país quer concretizar o que diz estar a ser adiado há décadas: a criação de uma efetiva rede de transporte coletivo pesado na área metropolitana.

“Uma rede de transporte pesado, capaz de assegurar a mobilidade de todos com segurança, conforto e eficácia, libertado todos da dependência e impactos do transporte individual”, defendeu.

"Continuar a compatibilizar a diversidade e o pluralismo com a unidade no essencial", defendeu Marcelo

"O que nos diz este 5 de Outubro é que temos de continuar a resistir, a prevenir, a cuidar, a inovar, a agir em liberdade, a saber compatibilizar a diversidade com a convergência no essencial, a sobrepor o interesse coletivo aos meros interesses pessoais", afirmou.

O chefe de Estado referiu que "há quem prefira soluções para o estado de exceção sanitária que sacrificariam drasticamente economia e sociedade" e "há quem prefira soluções para a economia e sociedade que aumentariam riscos para a vida e saúde".

"Há quem proponha tempos e modos diferentes, do lado da vida e da saúde, como do lado da economia e da sociedade. Esta diversidade é democrática, e é por isso respeitável. Procuremos respeitá-la, buscando a convergência no essencial, evitando quer o excesso de dramatização, quer o excesso de desdramatização dos dois lados", acrescentou.

Na cerimónia comemorativa do 110.º aniversário da Implantação da República, o chefe de Estado referiu que Portugal vive "em tempo legalmente de exceção sanitária há mais de sete meses" e considerou que "este 5 de Outubro é, pois, dos mais difíceis e exigentes, se não o mais sofrido de 46 anos de democracia".

"A recuperação económica durará anos, e mais anos mesmo se for uma oportunidade desperdiçada para mudar instituições e comportamentos e antecipar de modo irreversível o nosso futuro", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Lisboa.

Sem especificar a que instituições e comportamentos se referia, o Presidente da República acrescentou que "essa mudança só valerá realmente a pena se não servir só alguns portugueses privilegiados, mas permitir que se ultrapassem pobreza, desigualdade, injustiça social".

Marcelo Rebelo de Sousa realçou que "a pandemia e a paragem económica e social" são globais e que "ninguém sabe" quando é que haverá tratamento e vacina para a covid-19.

No início da sua intervenção, que durou cerca de 12 minutos, o chefe de Estado recordou que, desde que foram confirmados os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus em Portugal, o país passou por "situações de alerta, de contingência, de calamidade, estado de emergência duas vezes renovado" e que se mantém "em situação de contingência em todo o território continental".

Em seguida, descreveu a realidade económica e social ao longo deste período: "Desde março, conhecemos, primeiro, a paragem abrupta de muita da atividade económica durante três meses, com desemprego ou baixa de salário em parte considerável do setor privado, e sufoco de inúmeras micro, pequenas e médias empresas, com decorrente aumento acelerado do défice orçamental e da dívida pública".

"E, depois, rearranque desigual e, em múltiplos casos, hesitante ou não duradouro da atividade paralisada", prosseguiu, considerando que Portugal se encontra também "em estado de exceção económica e social".

Sem apontar nenhum caso em concreto, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Portugal deve "continuar a agir em liberdade" e "sempre em conformidade com a ética republicana, que repudia compadrios, clientelas, corrupções".

Num discurso em que apelou à "unidade no essencial", o Presidente da República disse também que Portugal tem de continuar a "sobrepor o interesse coletivo aos meros interesses pessoais, a solidariedade ao egoísmo, a convergência que faz a força - convergência em liberdade não unicidade imposta - ao salve-se quem puder, o bom senso comunitário ao aventureirismo individualista".

No atual contexto de crise provocada pela pandemia de covid-19, há que "continuar a resistir o medo que trava a ação, ao facilitismo que agrava a situação, à tentação de encontrar bodes expiatórios numa luta que é de todos e não é só de alguns", considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa encerrou a sua intervenção declarando que "o 05 de Outubro veio também ele lembrar que é a soberania popular a fonte da legitimidade dos que mandam, e que não há egoísmos particulares que construam uma República, que cimentem uma democracia, que deem força a uma liberdade, que façam viver uma pátria".

"Viva a República, viva a democracia, viva a liberdade, viva Portugal", exclamou, em seguida.

Estiveram ainda na cerimónia, que este ano decorreu com restrições devido à pandemia, o vice-presidente João Paulo Saraiva e os vereadores Teresa Leal Coelho (PSD), João Gonçalves Pereira (CDS-PP), João Ferreira (CDU) e Manuel Brito (BE).

Devido à pandemia de covid-19, a cerimónia teve um formato restrito (durou cerca de meia hora) e os poucos convidados estiveram de máscara - à exceção dos oradores - e sentados com distanciamento entre si.

Ao contrário do que tem sido habitual nos últimos anos, os discursos decorreram no interior dos Paços do Concelho, no Salão no Nobre, e não na Praça do Município.

Com Lusa