Acelerar e dinamizar a transformação digital de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) é o mote do Cuidado Digital 360+, projeto de digitalização desenvolvido pela Fundação Santander Portugal, com o apoio da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e da Associação Portuguesa de Telemedicina e para o qual contribuíram a MEO Empresas, através da SmartAL, Sioslife e Samsung.
Para já, foi implementado um projeto-piloto em duas IPPS com valências de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), Centro de Dia e Serviços de Apoio Domiciliário: Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra e o Centro Social e Paroquial de Raimonda.
“Esta é uma solução centrada no apoio aos idosos, em especial aos idosos em serviço de apoio domiciliário, e tem três componentes. Uma, de apoio profissional através dos técnicos de apoio domiciliário, outra, de recolha de dados biométricos que lhes permite recolher dados preventivos para que os profissionais de saúde e das Misericórdias conseguiam monitorizar os dados, e, por fim, numa componente social, através de soluções, como sejam, tablets, em que a pessoa possa interagir com familiares e cuidadores”, começou por explicar Jorge Patrício, da MEO Empresas.
“Trata-se uma combinação entre a parte profissional, da medicina preventiva e o bem-estar, parte social e combate ao isolamento”, acrescentou ao SAPO 24 à margem da apresentação do projeto que decorreu no showroom da Altice, na sede da empresa, em Lisboa.
À Fundação Santander Portugal, com o apoio da UMP e da Associação Portuguesa de Telemedicina, juntaram- se três entidades do mundo empresarial. “A MEO, através do SmartAL, software desenvolvido pela Altice Labs, plataforma de recolha de dados biométricos, a Sioslive, plataforma para os trabalhos dos técnicos de apoio domiciliário e a Samsung que tem os devices, os relógios que recolhem dados biométricos e os tablets”, finalizou o responsável da operadora de telecomunicações.
“A alegria dos idosos em sentirem-se incluídos e vigiados”
Para Manuel Adelino, provedor da Misericórdia de Sesimbra, os benefícios do projeto-piloto instaurando em duas unidades de pequena dimensão saltam à vista. “A alegria dos idosos em sentirem-se incluídos e vigiados e que alguém se importa com eles”, começou por referir.
“O projeto foi implementado no serviço de apoio domiciliário e num dos nossos lares”, informou. No apoio prestado em casa do utente destaca um apport tecnológico. “Os relógios são bastante importantes pela vigilância prestada em termos de saúde. Conseguimos estar sempre a controlar o estado da pessoa. Está sozinha em casa, mas já não está sozinha em casa. Sabe que está a ser controlada”, garantiu. “Os tablets, estão no apoio domiciliário, mas temos essencialmente nos lares”, acrescentou.
O Centro Social e Paroquial de Raimonda, em Paços de Ferreira, foi outra das unidades abrangida, aplicado no centro de dia e no apoio domiciliário. “Resultou o contacto do idoso com o digital e sentimos uma grande transformação na vida deste”, salientou Manuel Brito.
Por um lado, “ao permitir-lhes uma estimulação cognitiva, através dos jogos disponibilizados pelos tablets, maior comunicação com o exterior, possibilidade de videochamadas”, e, por outro, “nos cuidados de saúde permitiu um controlo remoto dos dados, temperatura, batimentos cardíacos e que o idoso se sinta mais seguro, que está a ser acompanhado”, sintetizou. “E permite-nos a nós ter uma resposta mais eficaz se algo acontecer de extraordinário àquela pessoa”, adiantou.
Aplicado, nesta fase, a unidades de pequena dimensão, Manuel Brito acredita num alargamento. “Podemos facilmente replicar este projeto. Tem muitas valências e maiores valias para os cuidados dos utentes e instituição nos serviços que presta”, frisou.
“A tendência é a domiciliação (dos cuidados de saúde) da pessoa, até porque a pessoa estando no seu espaço, no seu habitat, no seu domicílio fica mais confortável. Com as novas tecnologias, a TeleSaúde, controlo remoto dos sinais vitais isso vai permitir que assim aconteça”, destacou.
“Muitas das tarefas feitas pela parte física vão ser obrigatoriamente feitas pela parte digital”
José Rabaça, vice-presidente da União Misericórdias Portuguesas (UMP), recordou o papel desempenhado por estas instituições. “As Misericórdias continuam por cá, mais de 500 anos depois da sua fundação e tivemos sempre a capacidade de nos adaptar aos tempos. Estamos na altura das transições digitais e é fundamental estarmos aqui”, estatui.
Socorreu-se de números e estimativas. “Segundo o INE, 24% da população portuguesa tem mais de 65 anos e a perspetiva, em 2050, é de que os números dupliquem e isso cria um desafio. Será impossível criar estruturas residenciais para todas as pessoas idosas e a prestação de cuidados só poderá ser possível a partir de um novo serviço de apoio domiciliário, não com a estrutura atual, mas sim outra, diferente, que se adaptará às necessidades e para tal entrará obrigatoriamente o digital”, anunciou.
“Muitas das tarefas feitas pela parte física vão ser obrigatoriamente feitas pela parte digital e até aproveitando o que de bom pode ser feito pela Inteligência Artificial”, concluiu o vice-presidente da UMP.
O impacto em Sesimbra e Raimonda
Os resultados da aplicação do projeto nas unidades de Sesimbra e Raimonda e do impacto em quem frequenta e beneficia do trabalho desenvolvido não ficaram na gaveta e foram partilhados.
De acordo com um comunicado divulgado, na Misericórdia de Sesimbra, dos 44 utentes desta IPSS, um pouco mais de metade (51%) tem “monitorização de saúde à distância”, registando-se, em média, por mês, “1221 medições remotas de dados biométricos”, lê-se na nota enviada às redações.
62% dos idosos tem “contacto diário com novas tecnologias”, sendo que “22%” faz uso regular no dia-a-dia. Da totalidade de residentes na ERPI de Sesimbra, “44% usa diariamente” as novas tecnologias, uma utilização “média/utentes acima das 35h/mês”, acrescenta a nota de imprensa.
No Centro Social e Paroquial de Raimonda (45 utentes), em Paços de Ferreira, o impacto das novas tecnologias também se faz sentir num espaço onde apenas “36% dos profissionais utiliza novas tecnologias no seu dia-a-dia”, ao contrário da totalidade dos profissionais que trabalham em Sesimbra.
Regista-se nesta unidade uma média mensal de “2490 medições remotas de dados biométricos” e a utilização de Serviços de Apoio Domiciliário com monitorização de saúde à distância por parte de quase metade (48%) dos utentes, acrescenta a nota divulgada na apresentação do projeto que decorreu no showroom da Altice.
As novas tecnologias surgem diariamente no caminho de “57% dos utentes” do centro social e paroquial de Raimonda e 27% tem um “uso regular no dia-a-dia”. 38% da população residente usa diariamente as novas tecnologias, perfazendo uma “utilização média/utente acima das 28h/mês”, finaliza o documento.
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