Os votos dos eleitores dos sete chamados estados-pêndulo terão muito mais peso do que os dos demais. Nos EUA, os eleitores escolhem o candidato no qual querem que os delegados do seu estado votem.

Os estados-pêndulo não se inclinam claramente para um ou outro partido, ao contrário dos restantes estados, que se consideram favoráveis aos democratas (como a Califórnia ou Nova York, por exemplo) ou aos republicanos (Texas ou Flórida, entre outros). Representam um número significativo de delegados (93 de 538).

Como não é importante quem terá a maioria dos votos em todo o país e o único resultado que conta é o de cada estado, o candidato mais votado num estado fica com todos os delegados (exceto em Nebraska e no Maine).

O objetivo é alcançar o número mágico de 270 delegados, que é sinónimo de vitória nacional.

Por isso, o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris concentram as energias nestes estados e investem nele a maior parte dos recursos.

- Pensilvânia -

Talvez seja o estado mais disputado, com 19 delegados.

Naquele estado, Trump teve uma vitória apertada em 2016 e Biden derrotou-o em 2020, também por uma margem estreita.

Neste estado em decadência industrial, os operários tendem a virar as costas aos democratas.

Mas Kamala conta com os grandes projetos de infraestruturas lançados pelo presidente Biden e com o apoio dos sindicatos para manter o apoio dos eleitores nos democratas.

Nas grandes cidades de Filadélfia e Pittsburgh as sondagens apontam vitória de Kamala Harris, enquanto Trump aposta na população rural.

- Michigan -

Assim como a Pensilvânia, este reduto democrata - e os 15 delegados - votou Trump em 2016, para surpresa de todos, na disputa contra Hillary Clinton.

Biden reconquistou o estado para os democratas em 2020.

No 'berço da indústria automobilística', também em declínio, Kamala recebeu o forte apoio do principal sindicato do setor (UAW), mas não dos numerosos eleitores árabes-americanos ou muçulmanos, indignados com o apoio dos Estados Unidos a Israel na guerra em Gaza.

Trump aposta particularmente no custo da vida para mobilizar a classe média contra Kamala, que se apresenta como a herdeira de um mandato de Biden marcado pela inflação.

- Wisconsin -

Com Pensilvânia e Michigan, foi o terceiro estado a partir o "muro azul" em 2016. O termo refere-se aos cerca de 20 estados considerados fortemente democratas.

Hillary Clinton perdeu os dez delegados, que Biden recuperou em 2020.

Como demonstração da importância do estado, os republicanos realizaram a sua convenção em julho, na cidade de Milwaukee.

Entre os eleitores moderados, os democratas acenam com a "ameaça existencial para a democracia" que Trump representaria.

- Geórgia -

Talvez seja o mais importante estado-pêndulo, juntamente com a Pensilvânia.

No coração do sul religioso e conservador, a Geórgia costuma atribuir os seus 16 delegados ao candidato republicano.

Mas no rastro dos movimentos antirracistas, este estado, com sua numerosa comunidade afroamericana, preferiu o democrata Joe Biden há quatro anos.

Filha de pai jamaicano e mãe indiana, Kamala Harris tem 60 anos, quase menos 20 que Trump, e um perfil mais atraente para o eleitorado jovem e as minorias dos centros urbanos e universitários.

Mas os eleitores religiosos enaltecem Trump como artífice da suspensão da garantia federal ao aborto. Um feito pelo qual parecem propensos a esquecer a acusação contra o ex-presidente por tentar alterar os resultados das eleições no estado em 2020.

- Carolina do Norte -

Outro estado sulista, a Carolina do Norte (com 16 delegados) não vota nos democratas para a Presidência desde Barack Obama em 2008, mas seu governador é democrata desde 2017.

No entanto, assim como na Geórgia, Kamala Harris conta com os afroamericanos (cerca de 20% da população) e os jovens.

Os democratas esforçam-se por aumentar o número de eleitores registados com a esperança de melhorar a participação.

- Arizona -

Este estado predominantemente republicano do sudoeste americano (11 delegados) surpreendeu em 2020 ao eleger Biden por apenas 10.457 votos de vantagem.

Donald Trump tem centrado a campanha na imigração ilegal, um tema relevante neste estado fronteiriço.

A esperança da atual vice-presidente está em que nas eleições do meio de mandato, em 2022, o estado preferiu eleger a democrata Katie Hobbs para governadora, em detrimento de uma candidata 'trumpista'.

- Nevada -

Este estado do oeste americano, com seis delegados, conhecido por seus casinos de Las Vegas, não vota num republicano desde George W. Bush, em 2004.

Mas os conservadores acreditam que podem consegui-lo graças, parcialmente, à população latina, parte da qual se distancia dos democratas.

Os apoiantes de Kamala Harris esperam que a chegada de novos moradores - trabalhadores mais jovens e com melhor formação, que costumam vir da vizinha Califórnia para trabalhar no setor tecnológico ou na transição energética - jogue a seu favor.

Por Benoît PETIT e Camille CAMDESSU, da AFP.