“Toda a gente conhece [a feira], daí termos falado que era uma espécie de Ronaldo”, diz à agência Lusa Rui Garrido, presidente da ACOS – Agricultores do Sul, entidade organizadora do certame, que hoje abre portas em Beja, prolongando-se até domingo.
Segundo o dirigente, a comparação da feira como “uma espécie de Ronaldo do Alentejo que toda a gente conhece no país e no estrangeiro” tem origem numa visita que efetuou ao Porto e numa conversa com uma funcionária de um centro comercial de Vila Nova de Gaia que, mal soube que os clientes eram de Beja, disse logo já ter ido à Ovibeja.
“Isto de facto é como o Ronaldo e daí apareceu a expressão, toda a gente conhece de facto hoje em dia a Ovibeja”, afirma, bem-humorado, o responsável da organização do evento.
A 36.ª edição do certame, no Parque de Feiras e Exposições de Beja - Manuel Castro e Brito, começa “cheia” e com “mais de mil expositores”, apostada em mostrar “todo o Alentejo deste mundo”, segundo a ACOS.
A origem do evento, a agropecuária e o mundo rural, não se perdeu, segundo Rui Garrido. Pelo contrário, tem sido melhorada, tendo a feira apostado também, ao longo dos anos, na diversidade e em novas valências, refere.
“É uma feira agrícola, pecuária, onde a floresta também é discutida, onde se fazem negócios, onde se informa, onde nós reivindicamos” e em que se aproveita o facto de “ter cá sempre a classe política e membros do Governo para, em cada ano, falar sobre os temas mais atuais e que mais” preocupam o setor, argumenta Rui Garrido.
Mas, ao mesmo tempo, é uma feira onde se quer que haja diversão.
“Por isso tem havido sempre uma preocupação muito grande em termos aqui várias atividades para que as pessoas se entretenham”, acrescenta, frisando: “Vem muita gente de fora e há muita gente que tira férias na altura da Ovibeja”
Há muitos expositores que têm sido fiéis e que têm acompanhado o crescimento da feira, alguns deles presentes desde a primeira edição. É o caso da empresa Irmãos Luzias, de Beja, que tem viaturas automóveis e tratores e alfaias agrícolas expostas no evento.
“É uma feira de que toda a gente gosta, as famílias, os mais novos, os mais velhos, todos encontram aqui algo que gostem de ver ou de fazer”, refere Vítor Luzia, adiantando que, para o negócio, também é vantajoso: “É um excelente palco. Há uns anos faziam-se muito mais negócios do que hoje, era tradição, mas é uma mostra e faz com que as nossas empresas se divulguem para além da nossa região”.
O secretário técnico da Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos, José Pais, partilha da opinião de que a Ovibeja é, “provavelmente, um dos certames com mais dimensão e mais visibilidade” do Alentejo e do sul do país.
“Temos conhecimento de que alguns negócios, principalmente na venda de reprodutores, acontecem em contactos que se estabelecem aqui na Ovibeja e quando não é aqui é à posteriori”, salienta.
Por estes dias, o “rumo” dos políticos também está traçado em direção a Beja. A feira é “palco” de uma autêntica “romaria”.
“Este ano, com ano de eleições, deverá ainda ser mais acentuado esse facto, mas para nós também é importante tê-los cá. Era importante até que eles não viessem por Évora, que viessem por Ferreira [do Alentejo] para verem o estado da nossa estrada”, para concluírem que “é importante também olhar um bocadinho para esta zona, porque só se lembram na altura da Ovibeja e é importante lembrarem-se todo o ano”, defende Vítor Luzia.
E para a produção agropecuária, a feira “acaba por ser também um centro ou um ponto importante” para que os “homens da terra” se possam “cruzar com esses políticos”, para lhes “expor as várias situações” que, de outra forma, “às vezes é difícil” fazer-lhes chegar, considera José Pais.
“Bem sei que este ano é ano de eleições”, afirma Rui Garrido, acrescentando: “Mais uma vez, temos a classe política aqui toda”.
“Já é impossível a Ovibeja não estar na agenda política”, remata o presidente da ACOS, fazendo uma ressalva: “A não ser para o primeiro-ministro. O ano passado não veio, este ano também não vem. Beja, o Baixo Alentejo, esta região do interior, pelos vistos não estão na agenda do primeiro-ministro, o que é de lamentar”.
*Por Rita Ranhola/LUSA
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