Este domingo foi mais um dia de uma ação pró-Palestina em Portugal. Primeiro com uma manifestação que juntou milhares de pessoas em Lisboa e depois com um apelo político ao Governo liderado agora por Luís Montenegro.

Qual a razão da manifestação?

Esta manifestação realizou-se para marcar os seis meses do início da guerra na Faixa de Gaza.

Com bandeiras da Palestina, o lenço símbolo da luta palestiniana, cartazes, palavras de ordem a pedir um “o fim da ocupação e um cessar fogo imediato” em português e em inglês, a marcha iniciou-se pelas 15h40.

A Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina (PUSP) convocou a manifestação “Abril pela Palestina”, evocando os 50 anos da Revolução dos Cravos.

“No ano em que Portugal celebra 50 anos de Liberdade e do fim do fascismo, na Palestina a ocupação colonial e a limpeza étnica continuam, sob o olhar passivo da comunidade internacional”, segundo a organização.

Em resposta ao ataque, Israel respondeu com ataques na Faixa de Gaza, causando lá morte de mais de 33 mil pessoas, segundo o Hamas.

E qual foi o apelo político?

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu hoje ser um dever de Portugal reconhecer o Estado da Palestina e desafiou o ministro dos Negócios Estrangeiros a abandonar “posições irresponsáveis em que negava o genocídio” em Gaza.

“É muito importante que o ministro do Negócios Estrangeiros [Paulo Rangel], que tinha posições irresponsáveis no passado, que negou o genocídio em Gaza do povo palestiniano, mude a sua posição e adote uma posição responsável em defesa da paz”, afirmou Mariana Mortágua, que participou na marcha Abril pela Palestina, em Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, a líder do BE salientou que o “dever de Portugal” é o de reconhecer o Estado da Palestina, colocando-se ao lado da comunidade internacional e do secretário-geral da ONU, António Guterres.

“É importante que, seis meses depois do início dos ataques de Israel a Gaza, estejamos aqui para lembrar aquilo que está a acontecer em Gaza. Israel matou mais de 30 mil pessoas e quase metade são crianças”, lamentou Mariana Mortágua.

Esses números demonstram que está em curso em Gaza uma “política de genocídio e de extermínio”, considerou a dirigente bloquista, para quem isso faz com que seja “tão importante que os diferentes países da União Europeia reconheçam o Estado da Palestina como um movimento para a paz”.

“O reconhecimento do Estado da Palestina é hoje um movimento político para travar o genocídio e para dizer a Israel que tem de reconhecer a legitimidade de um Estado e de um povo que está a ser massacrado às suas mãos”, disse.

Segundo Mariana Mortágua, o que “faz sentido” é que Portugal se junte aos países que, unilateralmente, já prometeram reconhecer o Estado da Palestina, apontando os casos da Eslovénia, Espanha, Malta e Irlanda.