Numa entrevista à publicação espanhola Vida Nueva Digital, conduzida antes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mas só hoje divulgada, o Papa Francisco referiu que lhe “atiram à cara” que recebe transexuais nas audiências gerais.
O líder da Igreja Católica disse que quem costuma levar transexuais às audiências é uma monja francesa que pertence à fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, fundadas por Charles de Foucauld, que vive num circo e se dedica aos transexuais.
“Da primeira vez que as trouxe, as raparigas saíram a chorar. Deram-me a mão e disseram: ‘Dei a mão ao Papa e deu-me um beijo’. Vocês são filhas de Deus: (…) continua a amar-vos como são”, afirmou o Papa.
Nesta entrevista, o Papa Francisco considerou também que a Igreja não está preparada para um Concílio Vaticano III, acrescentando que também não é “necessário neste momento, uma vez que ainda não está em marcha o Concílio Vaticano II”.
“Este foi muito arriscado e há que pô-lo em marcha. Mas existe sempre o receio, que nos contagiou a todos, de forma velada, por parte dos ‘velhos católicos’ que, já no Vaticano I, se designavam como ‘depositários da verdadeira fé’. (…) É importante sair ao encontro dos sofismas”, disse.
Sobre a guerra na Ucrânia, o Papa afirmou que o seu enviado especial ao conflito, o cardeal Matteo Zuppi, foi a Kiev, onde “persiste a ideia da vitória sem optar pela mediação”.
“Também esteve em Moscovo, onde encontrou uma atitude que podíamos qualificar como diplomática por parte da Rússia. O avanço mais significativo que se alcançou tem a ver com o regresso das crianças ucranianas ao seu país”, sublinhou.
O Papa referiu que o Vaticano está a fazer “tudo o que estiver ao seu alcance para conseguir que cada parente que reclame o regresso dos seus filhos o consiga”.
“Para tal, estou a pensar em designar um representante permanente que sirva de ponte entre as autoridades russas e ucranianas. Para mim, no meio da dor da guerra, é um grande passo”, referiu.
O representante máximo da Igreja acrescentou ainda que, após a visita do cardeal Zuppi a Washington, a sua próxima escala prevista é em Pequim, salientando que os Estados Unidos e a China têm “a chave para baixar a tensão do conflito”.
“Todas estas iniciativas são o que eu denomino como uma ‘ofensiva de paz’”, disse.
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