Em comunicado, a Santa Sé explica que as conclusões desta investigação sobre os abusos do ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington Theodore McCarrick serão divulgadas a seu tempo.

Em julho, o Vaticano informou que o Papa expulsou McCarrick do Colégio dos Cardeais, uma medida com poucos precedentes na história, e ordenou a sua prisão até ao julgamento canónico das acusações de abuso que pesam contra ele.

Usando provas escritas, um prelado italiano, Carlo Maria Vigano, acusou em agosto o Papa e um grande número de membros da Cúria Romana de terem encoberto por anos os abusos do cardeal sobre seminaristas e padres.

O Papa Francisco recusou-se a responder ao documento de 11 páginas, publicado a 26 de agosto pelo arcebispo Carlo Maria Vigano, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos da América.

Carlo Maria Vigano referiu que o Papa Francisco anulou as sanções canónicas a Theodore McCarrick, que tinham sido impostas pelo Papa Bento XVI em 2009 e 2010, salientando que o Vaticano sabia, pelo menos desde 2000, que o antigo cardeal molestava sexualmente e assediava menores e adultos.

A 13 de setembro, o Papa recebeu em audiência os membros da presidência da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, acompanhados pelo cardeal Sean Patrick O'Malley, presidente da Comissão para a Tutela dos Menores, tendo lhe sido pedido que autorizasse uma investigação do Vaticano sobre o caso do antigo cardeal Theodore McCarrick.

No comunicado hoje divulgado, a Santa Sé refere que, após as publicações das alegações sobre a conduta do arcebispo Theodore Edgar MacCarrick, o Papa decidiu ordenar uma investigação aprofundada de toda a documentação presente nos arquivos do Vaticano sobre o então cardeal, "a fim de averiguar todos os factos relevantes, situando-os no seu contexto histórico e avaliando-os objetivamente".

A nota de imprensa da Santa Sé cita uma frase do Papa Francisco de 2015 sobre a verdade, indicando que os abusos e a cobertura dos mesmos "não podem mais ser tolerados".

"Seguiremos o caminho da verdade, onde quer que nos leve", disse o Papa Francisco em Filadélfia a 27 de setembro de 2015.

Segundo o comunicado da Santa Sé, o Papa renova "o convite urgente de unir forças para combater o grave flagelo dos abusos dentro e fora da igreja e impedir que esses crimes sejam perpetrados contra os mais inocentes e vulneráveis da sociedade".

"Ele, como anunciado, convocou os presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo para o próximo mês de fevereiro, enquanto as palavras da sua recente carta ao povo de Deus ainda ressoam", refere a nota.

A 20 de agosto, o Papa Francisco publicou uma carta dirigida a todos os católicos do mundo, condenando o crime de abuso sexual por parte de padres e o seu encobrimento e exigindo responsabilidades.

Na carta, o Papa pediu perdão pela dor sofrida pelas vítimas e disse que os leigos católicos devem envolver-se em qualquer esforço para erradicar o abuso e o seu encobrimento e criticou a cultura clerical que tem sido responsabilizada pela crise, com os líderes da Igreja mais preocupados com a sua reputação do que com a segurança das crianças.

"A única maneira pela qual podemos responder a esse mal que levou tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos envolve e afeta a todos como povo de Deus. Essa consciência de sentir-se parte de um povo e de uma história comum permitirá reconhecer os nossos pecados e erros do passado com uma abertura penitencial capaz de nos permitir renovar a partir de dentro", escreveu o Papa na carta dirigida aos católicos.

[Notícia atualizada às 16h19]

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