“Parados, Nunca Calados” foi o mote da manifestação nacional promovida pelo Manifesto em Defesa da Cultura e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (Cena-STE), que decorreu ontem, 4 de junho, em Lisboa, no Porto e em Faro, e à qual se associaram também cerca de oito dezenas de profissionais de Viana do Castelo.

Numa praça cheia, mas a grandes intervalos entre as pessoas, para manter a distância de segurança, com locais previamente assinalados no chão com fita adesiva azul, para os manifestantes se colocarem, os protestos faziam-se ouvir pelas vozes de vários artistas e representantes de estruturas culturais que se sucederam em discursos, entre as 18:00 e as 20:00, e pelas centenas de pessoas que gritavam palavras de ordem como “Não tens graça, Fonseca”.

Entre palhaços, equilibristas e malabaristas, vários manifestantes empunhavam cartazes, nos quais se liam frases como “Músico em análise há 65 dias”, “Um país sem cultura é um país adormecido”, “O acesso à cultura é um direito constitucional”, “Sem cultura não há história, não há memória” ou “Este ministério não nos representa”.

O protesto decorreu quase como se de uma encenação teatral se tratasse, em que imperou o sarcasmo e a ironia, com frequentes referências ao Ministério da Cultura como a "Secretaria Geral da Propaganda" e pedidos de “dois euros” para “fazer uma vaquinha”.

Os artistas em protesto assinalaram que aquilo que começou por ser “medidas de emergência são agora medidas de sobrevivência”, e exigem um verdadeiro fundo de emergência social que garanta de forma imediata a proteção destes profissionais, uma carreira regular e contributiva e o combate aos vínculos profissionais precários.

No início de março, começaram a ser adiados ou cancelados espetáculos na sequência das medidas de contingência definidas pelas autoridades para tentar travar a propagação da covid-19.

Segundo um inquérito promovido pelo Cena-STE, e cujos resultados foram anunciados no início de abril, 98% dos trabalhadores de espetáculos viram trabalhos cancelados, dos quais um terço foi por mais de 30 dias.

O inquérito, realizado já na segunda quinzena de março, no contexto de confinamento, em resposta à pandemia de covid-19, indicava ainda que 85% dos trabalhadores questionados são independentes e não têm qualquer proteção laboral.

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