“É o fim de uma história. Desde 1992 e do referendo de Maastricht não aprendemos a lição. Deixámos que as divisões se instalassem no nosso seio e, por isso, estamos hoje nesta situação”, declarou à emissora France-Inter, considerando ser necessário que o partido se redefina.
“Estamos numa fase de decomposição, demolição, deconstrução”, observou ainda o socialista, acrescentando: “Nós não fizemos o nosso trabalho – intelectual, ideológico e político – sobre o que a esquerda é, e pagámos o preço”.
Manuel Valls falava um dia depois de o Partido Socialista ter sido eliminado na primeira volta das presidenciais francesas pela primeira vez desde 2002, com o seu candidato, Benoît Hamon, a obter uma derrota histórica para o partido, ao conquistar apenas 6,35% dos votos, quando estavam apurados 97% dos sufrágios.
Na sequência do desaire, o Partido Socialista reúne hoje os seus órgãos directivos para analisar que estratégia deve ser adotada nestas duas semanas antes da segunda volta das presidenciais, marcada para 07 de maio, e das legislativas de junho.
O centrista Emmanuel Macron liderou a primeira volta das presidenciais de domingo com quase mais 2,5 pontos percentuais do que a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.
De acordo com os dados do Ministério do Interior, quando faltava apurar apenas 3% dos votos, Macron contava com 23,86% dos votos, enquanto Le Pen com 21,43%. Em terceiro lugar ficou o conservador François Filon, com 19,94%, enquanto Jean-Luc Mélenchon (esquerda) obteve 19,62% dos votos.
O candidato socialista, Benoît Hamon, que foi quinto, pagou o preço de um mandato impopular e não conseguiu reconciliar um partido dividido entre os defensores de uma linha de esquerda e os que preferem uma orientação mais social-liberal.
A ferida abriu-se quando alguns socialistas apelaram ao voto em Emmanuel Macron, nomeadamente Manuel Valls, que quebrou a promessa de apoiar o vencedor das primárias socialistas, justificando-se com o risco de vitória da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.
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