Num passeio pelo concelho de Santa Cruz, Paulo Cafôfo distribuiu flores, contactou com a população e até comprou uma raspadinha num quiosque, declarando que só a vai abrir no domingo das eleições.

Falando aos jornalistas, o cabeça de lista do PS às eleições antecipadas na Madeira foi questionado sobre as críticas de que as suas propostas não são viáveis do ponto de vista orçamental.

“Essa crítica, fizeram-me em 2013, antes de ganhar a Câmara Municipal do Funchal. Diziam que não era possível devolver o IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis], diziam que não era possível baixar taxas municipais, diziam que não era possível atribuir manuais gratuitos, diziam que não era possível termos um programa municipal de apoio às rendas, nada era possível”, respondeu.

O socialista disse ter demonstrado, enquanto presidente da autarquia funchalense, que era possível, e reduziu a dívida “brutal”, ou seja, “mais de 100 milhões de euros […], deixados por Miguel Albuquerque”, que até então tinha sido presidente do município pelo PSD.

“Nós só neste orçamento regional, em termos de receita, temos um aumento de 43 milhões de euros e, portanto, é possível realizar, é tudo uma questão de prioridades e o nosso compromisso é um compromisso com responsabilidade”, reforçou Paulo Cafôfo, acrescentando, por outro lado, que é possível reduzir despesas.

“Os nossos compromissos estão contabilizados”, assegurou, dando como exemplo as medidas de creches gratuitas para todos e da comparticipação a 100% das propinas para os estudantes madeirenses, duas propostas que totalizam um investimento de 7,2 milhões de euros por ano.

Com uma receita fiscal que “tem batido recordes” e com o corte em despesas de cargos de nomeação política, por exemplo, Paulo Cafôfo realçou que é possível e que o que é preciso “é inverter as prioridades”.

No domingo, numa ação de campanha eleitoral, o presidente demissionário do Governo da Madeira e recandidato às regionais de domingo, Miguel Albuquerque, disse que as promessas do PSD são “todas exequíveis” e “sustentáveis do ponto de vista financeiro”, enquanto o PS “precisaria de “dois orçamentos” para executar as suas propostas.

Paulo Cafôfo voltou a afirmar hoje que “Miguel Albuquerque está isolado, não tem o apoio do seu partido a nível nacional, mesmo a nível regional não tem apoio de uma grande parte do seu partido, face à disputa interna”.

“E também vejo que não tem uma grande parte do apoio da população madeirense. Já teve, mas agora não tem”, considerou, reiterando que o objetivo do PS para as eleições é “virar a página” na política madeirense.

As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.