Numa sessão evocativa dos 50 anos do golpe de Estado no Chile, que decorreu esta tarde, em Lisboa, Raimundo salientou que, nas vésperas das comemorações do 50.º aniversário da Revolução de Abril, “é o momento de travar o apagamento das conquistas da revolução e do papel do movimento operário, do movimento democrático”.
Esse combate, continuou, é “inseparável da luta por objetivos imediatos”, tais como o “aumento geral e significativo de salários e pensões”, o investimento nos serviços públicos e a valorização dos seus profissionais, “travar a subida dos preços e o escândalo da acumulação de lucros pelos grupos económicos” ou ainda “garantir o acesso à habitação”.
“Objetivos a levar por diante, perante as opções políticas de fundo do Governo de maioria absoluta do PS, acompanhado que é por PSD, CDS, Chega e IL. Opções políticas erradas, ao serviço dos interesses dos grupos económicos e submetidas que estão às imposições da União Europeia e do euro e às suas ruinosas políticas neoliberais”, acusou.
Para o líder comunista, esta política está "velha e ultrapassada", defendendo que estão em causa "teorias que constituíram a base da política económica da ditadura fascista chilena e alimentaram a chamada 'revolução conservadora' de Reagan e Thatcher".
"Essas teorias que hoje são novamente fortemente promovidas e que procuram fazer confundir liberalismo com liberdade, esse liberalismo onde assentaram os princípios e fundamentos do golpe fascista do Chile com as suas nefastas consequências. Esse mesmo liberalismo cujas experiências se mostraram e mostram incompatíveis com a democracia e a liberdade", considerou.
Raimundo acusou ainda o PS de favorecer forças e projetos reacionários e antidemocráticos, ao não responder "às justas e urgentes reivindicações populares e aos problemas estruturais do país".
Na opinião do secretário-geral comunista, “o golpe fascista do Chile mostra que o grande capital, sempre que sente o seu domínio em perigo, não se inibe de recorrer a todos os meios e aos maiores crimes”.
Raimundo salientou que este “modo de operar, para lá das diferentes circunstâncias históricas, corresponde sempre ao mesmo guião, um guião que aí está, 50 anos depois, em todo o seu esplendor” com “boicotes, sabotagens, golpes, sanções, guerra, morte, destruição, promoção e apoio às forças mais reacionárias e fascistas”.
“Uma promoção e apoio muito visíveis nos dias que correm, em que forças de extrema-direita e fascizantes são lançadas como lebres de corrida e tropa de choque, a partir de uma estratégia bem orquestrada e com meios e instrumentos de grande dimensão”, atirou.
Raimundo defendeu que, “na União Europeia, noutras estruturas, noutras nações, apontadas que são como os grandes faróis da democracia e dos direitos humanos, essas forças são banalizadas, normalizadas, promovidas, e participam já em vários governos, em vários países”.
Em 11 de setembro de 1973, o general Augusto Pinochet tomou o poder ao derrubar o Presidente Salvador Allende. O golpe de Estado iria marcar o início de uma ditadura sangrenta que durou 17 anos, oficialmente responsável por 3.200 assassinatos e desaparecimentos.
Antes das intervenções da sessão comunista foram exibidas imagens do golpe militar e ouviram-se as últimas palavras de Salvador Allende ao povo chileno, que se suicidou antes de as tropas de Pinochet terem entrado no Palácio de La Moneda.
Entre os presentes na sala cheia, com várias pessoas de pé, esteve o anterior secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa, entre outros dirigentes do PCP, e ainda representantes da Venezuela, Cuba, México ou do partido comunista do Chile.
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