Em comunicado, após o Banco Central Europeu (BCE) ter decidido na quinta-feira subir as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, o PCP afirmou que esta é “uma opção que favorece de forma escandalosa o capital financeiro” e que “se está a traduzir em lucros escandalosos dos principais bancos, incluindo os que operam em Portugal”.

Os comunistas dizem que esta é uma decisão feita “em nome do combate a uma inflação que esteve sempre longe de ser passageira” com o “acordo do governador do Banco de Portugal e a anuência do Governo Português”.

O PCP argumenta que a decisão do BCE “agrava ainda mais a situação de mais de um milhão e cem mil famílias que, em Portugal, têm empréstimos à habitação”, apontando os impactos “igualmente preocupantes” nas médias e pequenas empresas e no financiamento do Estado.

Para os comunistas, este aumento coloca “sérias ameaças à evolução da situação económica de países como Portugal” por “tentar travar a inflação por via da degradação do poder de compra e do investimento”.

“O combate aos impactos da inflação exige, não medidas que agravem ainda mais as condições de vida dos trabalhadores e do povo, mas o aumento dos salários e das pensões recuperando o poder de compra perdido, a regulação dos preços dos bens e serviços essenciais e o combate a todas as formas de especulação, incluindo pela taxação extraordinária dos lucros dos grupos económicos e das multinacionais”, lê-se no texto.

Os comunistas afirmam que esta é uma opção que evidencia “a quem serve a política monetária e o euro” e “os custos para o país da perda de soberania monetária”.

"Uma política com a qual PS, PSD, CDS, Chega e IL estão de acordo e, que amarrou o país à estagnação económica, impõe a desvalorização dos salários e pensões, (…) aprofunda as desigualdades entre países periféricos do Euro como Portugal e as grandes potências como a Alemanha”, concluiu o PCP.

O BCE decidiu, esta quinta-feira, subir as três taxas de juro diretoras em 25 pontos base, um abrandamento em relação aos aumentos anteriores.

No comunicado divulgado após a sua reunião de política monetária, o BCE refere que "a inflação ainda está bastante elevada", apesar de ter recuado nos últimos meses.

O BCE começou a subir as suas taxas de juro em julho do ano passado, tendo aprovado anteriormente vários aumentos de 50 e de 75 pontos base.

No comunicado, a instituição não deu qualquer indicação clara sobre a continuação do ciclo de subida das taxas de juro.