“Refutámos completamente as conclusões apresentadas no que diz respeito à EDP Distribuição. Acompanhámos a elaboração do relatório, fornecemos os dados solicitados e estamos surpreendidos com as conclusões”, disse à agência Lusa João Torres, presidente do Conselho de Administração da EDP Distribuição.

O responsável acrescentou que não esperava as conclusões, tendo em conta “a informação que demos e pela informação relativa à nossa atividade no que refere às faixas de proteção das linhas elétricas”.

O relatório do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais concluiu que o fogo de Pedrógão Grande foi causado por “contactos entre a vegetação e uma linha elétrica de média tensão” da EDP, que “não se encontrava devidamente cuidada”.

“O incêndio mais grave resultou das ignições de Escalos Fundeiros e de Regadas, que, em nosso parecer, terão sido causados por contactos entre a vegetação e uma linha elétrica de média tensão. Esta situação configura, em nossa opinião, uma deficiente gestão de combustíveis na faixa de proteção da linha, por parte da entidade gestora”, lê-se no relatório coordenado por Domingos Xavier Viegas e hoje entregue à ministra da Administração Interna.

O documento, denominado “O complexo de incêndios de Pedrógão Grande e concelhos limítrofes, iniciado a 17 de junho”, sustenta que “com a diferença de cerca de uma hora e meia, esta linha terá produzido descargas e causado as ignições que deram origem aos dois incêndios”.

João Torres garantiu que tinha sido efetuada uma inspeção “muito recentemente”, que permite à EDP Distribuição estar “confortável” e dizer que a linha estava com “a proteção bem constituída”.

“Nós investimos anualmente cerca de 5 milhões de euros na manutenção das faixas de proteção, todos os anos fazemos a inspeção visual, com laser e helicóptero, de 14 mil quilómetros, fazemos um trabalho no terreno em 7500 quilómetros destas faixas e é com alguma surpresa que somos apontados como tendo menos cuidado neste trabalho”, afirmou.

João Torres explicou que é possível que existam contactos entre a rede elétrica e objetos, mas que no caso concreto “tal não aconteceu”.

“Neste caso concreto é de excluir. Há uma possibilidade que a rede de distribuição elétrica tenha contacto com arbustos ou objetos, pode acontecer, mas neste caso concreto não aconteceu”, concluiu.

O incêndio de Pedrógão Grande deflagrou a 17 de junho, e provocou, segundo dados oficiais, 64 mortos, mas este relatório eleva o número para 65, contabilizando como vítima mortal uma mulher que foi atropelada quando fugia do fogo.

Este fogo foi extinto uma semana depois e alastrou para os concelhos vizinhos.