O relatório de desempenho do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), publicado hoje no portal do Governo, indica que o número de chamadas processadas nas 16 estações base, entre as 19:00 de 17 de junho e as 09:00 do dia seguinte, foi de 115.255, representando uma média de 8.233 chamadas feitas por hora.
Segundo o mesmo documento, o número de situações de saturação foi de 10.395, representando 8,3% das tentativas de chamada.
“A estação base de Serra Cabeço do Pião foi aquela que mais chamadas processou e simultaneamente mais ‘busies’ (não consegue estabelecer a comunicações à primeira tentativa) teve, porque atingiu a sua capacidade disponível, tendo sido processadas em média 1.646 chamadas por hora”, refere documento que mostra o desempenho do SIRESP no incêndio de Pedrógão Grande entre 17 e 22 de junho.
O primeiro registo da ‘fita do tempo' das comunicações registadas pela Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) é das 19:45 de sábado, hora em que começaram os problemas na rede de comunicações.
Segundo esta, foi nestas primeiras horas que existiram vários pedidos de ajuda de pessoas cercadas pelo fogo, a que os comandos operacionais não conseguiram dar resposta imediata, devido às falhas nas comunicações.
Na primeira comunicação registada, a Proteção Civil informa que o 112 comunicou existirem "três vítimas no interior de uma habitação", que eram da zona do Porto e que estavam numa habitação devoluta, cercadas pelo incêndio na localidade de Casalinho e que diziam não conseguir sair sozinhas, lê-se no documento.
O relatório do SIRESP avança que, entre as 14:00 e as 19:00 do dia 17 de junho, início do fogo, não foram feitas à primeira tentativa 246 chamadas das 7.877 processadas naquele período.
Durante o período analisado no relatório, entre as 12:00 de 17 de junho e as 12:00 de 22 de junho, não foram feitas à primeira tentativa 15% das mais de um milhão e cem mil chamadas processadas.
Apesar de reconhecer a existência de situações de saturação, a entidade operadora do SIRESP concluiu que “não houve interrupções no funcionamento da rede” do sistema de comunicações durante o incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, “nem houve nenhuma estação base que tenha ficado fora de serviço em consequência do incêndio.
Segundo o relatório, “o desempenham da rede SIRESP correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e segurança”.
O relatório surge na sequência do despacho do primeiro-ministro que pedia “o cabal esclarecimento” sobre as falhas ocorridas na rede SIRESP durante o incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande.
A fita do tempo' das comunicações registadas pela ANPC revela falhas "quase por completo" nas primeiras horas do incêndio em Pedrógão Grande, "impedindo a ajuda às populações".
A ‘fita do tempo' "resulta do Sistema de Apoio à Decisão Operacional (SADO) da ANPC, uma espécie de ‘caixa negra' que permite registar a sequência ordenada dos principais acontecimentos e decisões operacionais.
Os incêndios que deflagraram na região centro, desde o dia 17, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos e só foram dados como extintos no sábado.
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