“Desde a primeira hora, que estamos a recolher, analisar, cruzar todos os dados que dispomos e a tentar perceber tudo o que se passou. Mas esta é uma tarefa que leva o seu tempo”, afirmou Constança Urbano de Sousa na comissão parlamentar Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

A ministra adiantou que é necessário esclarecer “as principais e legítimas dúvidas” sobre o que se passou no incêndio que deflagrou a 17 de junho em Pedrógão Grande, realçando que ela própria tem dúvidas.

“Que tipo de incêndio é este que, num tão curto espaço de tempo, se espalha em todas as direções como se fosse um ‘tsunami’. Temos todos que perguntar se falhámos, onde, se poderíamos ter evitado a perda daquelas vidas humanas e mais de 200 feridos”, frisou.

A ministra sustentou também que é preciso saber se o sistema falhou e “qual o real impacto nas conhecidas dificuldades das comunicações”.

“São tudo questões para as quais se exigem respostas, que têm que ser objetivas, transparentes, ponderadas e sustentados”, afirmou, sublinhando que, desde a primeira hora, o Governo apoia a criação de uma comissão técnica independente que possa responder a estas questões.

Constança Urbano de Sousa adiantou que espera que, no mais curto espaço de tempo, exista uma resposta.

“Este não foi o momento mais difícil da minha carreira politica, foi o momento mais difícil minha vida”, disse a ministra aos deputados, com a voz embargada e quase a chorar.

“Seria muito mais fácil demitir-me e corresponder à vontade de alguns que consideraram que uma demissão, a demissão da ministra, seria no fundo a solução para o problema e que no dia seguinte os problemas estavam todos resolvidos, mas não estão. Senti que naquele momento que era a minha missão estar com aqueles homens e mulheres que de forma inexcedível deram tudo o que tinham para resolver uma situação que era extremamente difícil”, adiantou.

No início da sua intervenção, o deputado do PSD Fernando Negrão afirmou que “os estados de alma, muitas vezes, não nos ajudam a agir”, adiantando que é necessário ação para resolver os problemas das pessoas.

Os incêndios que deflagraram na região centro, no dia 17, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foram dados como extintos no sábado.

Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.