“Para que todas as espécies marinhas tenham uma porção do seu ‘habitat’ preservado será necessária a criação de áreas de conservação (distribuídas por todos os oceanos) com uma área global estimada em 8,5 milhões de quilómetros quadrados”, diz, citado num comunicado da Universidade de Queensland, Austrália, Kendall Jones, um dos autores do estudo internacional coordenado pela universidade australiana.
Segundo o estudo, cerca de um terço de todas as espécies marinhas conhecidas têm atualmente menos de 10% dos seus ‘habitats’ com algum tipo de proteção.
“Garantir a proteção das áreas identificadas no estudo poderia dar às espécies marinhas um espaço razoável para viver sem interferência de atividades humanas como a pesca, navegação comercial ou agricultura, que provoca contaminação com pesticidas”, afirmou Kendall Jones, que sublinha a necessidade de esforços globais de proteção dos oceanos para garantir a preservação da biodiversidade.
A comunidade internacional tem agendada para outubro, em Kunming, China, a 15.ª Conferência das Partes (COP15) signatárias da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que pretende alcançar um acordo global orientador dos esforços de proteção da vida selvagem na próxima década.
No estudo divulgado hoje, os investigadores mapearam os ‘habitats’ de mais de 22.000 espécies marinhas identificadas e utilizaram modelos matemáticos para determinar as áreas mínimas necessárias a proteger para que essas espécies fossem abrangidas.
A conclusão foi a de que a área total a proteger varia entre os 26% e os 41% da superfície de todos os oceanos, dependendo do grau de proteção a atribuir a cada espécie.
Apesar de concluir que todos os oceanos têm de ter zonas de proteção da biodiversidade, o estudo identifica o Pacífico norte na zona da China e do Japão e o Atlântico entre a África ocidental e as Américas como áreas oceânicas cuja proteção é de importância crítica.
James Watson, diretor científico da Wildlife Conservation Society (WCS, Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem), organização não-governamental fundada em Nova Iorque em 1895, é também citado no comunicado, a afirmar que as conclusões do estudo deixam clara a necessidade de intensificar esforços globais na área das áreas protegidas.
“Estas conclusões científicas demonstram que os governos têm de atuar com ambição, tal como fizeram com o Acordo de Paris (sobre redução de emissões de gases com efeito estufa), para que seja possível parar a crise de extinção que muitas espécies marinhas enfrentam”, afirma James Watson, também professor na Universidade de Queensland, no leste da Austrália.
Para o diretor científico da WCS, a ação urgente que a proteção dos oceanos exige não pode resumir-se à simples criação de áreas marinhas protegidas.
“É necessário recorrer a estratégias variadas como a definição de zonas de proibição total de pesca, de áreas protegidas geridas pelas comunidades locais e políticas públicas abrangentes para acabar com a pesca ilegal e insustentável”, afirma James Watson no comunicado da universidade australiana, considerando que um enquadramento global da proteção da vida marinha será também fundamental para assegurar a subsistência de milhões de pessoas em todo o mundo que dependem diretamente da biodiversidade dos oceanos como fonte de alimentação e rendimento.
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