O Gabinete dos Assuntos de Taiwan em Pequim alertou hoje que “o continente manterá a responsabilidade criminal sobre os fanáticos da independência de Taiwan, de acordo com a lei, e isso é para o resto da vida”.

Em comunicado, uma porta-voz deste organismo do Governo chinês, Zhu Fenglian, classificou o primeiro-ministro taiwanês, Su Tseng-chang, o presidente do parlamento de Taiwan, Yu Shyi-kun, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Joseph Wu, como membros de uma minoria de defensores da independência.

Segundo a porta-voz, eles “tentaram instigar uma confrontação através do Estreito, atacaram de forma maliciosa e caluniaram o continente (…), prejudicando gravemente as relações entre ambos os lados do Estreito”.

Zhu Fenglian disse também que Pequim os proibiu, bem como às respetivas famílias, de entrar no território da China continental, em Hong Kong e em Macau.

Os seus familiares serão igualmente proibidos de qualquer cooperação com organizações e indivíduos do continente, acrescentou, sem fornecer mais pormenores.

“Aqueles que esquecem os seus antepassados, traem a sua pátria e dividem o país não acabarão bem”, disse ainda a porta-voz.

Os seus comentários surgem um dia após declarações do responsável de uma delegação do Parlamento Europeu em visita a Taipei, Raphaël Glucksmann, que classificou a democracia taiwanesa como “um tesouro” a proteger, prometendo continuar a apoiar a ilha.

O primeiro-ministro taiwanês desvalorizou a ameaça de Pequim, garantindo que “não se deixará impressionar”.

Pequim “nunca governou Taiwan mas quer brincar aos chefes”, declarou Su Tseng-chang, inquirido no parlamento a propósito dessa lista de “fanáticos” da independência.

O Conselho dos Assuntos do Continente, principal órgão de decisão de Taiwan em matéria de política em relação à China, considerou hoje “inaceitáveis as intimidações e ameaças vindas de um regime autoritário”.

“Taiwan é uma sociedade democrática, onde o direito se aplica, e não está sob a jurisdição de outra parte”, acrescentou em comunicado, considerando que “o povo taiwanês nunca fará concessões”.

A ilha foi, no final da guerra civil chinesa, em 1949, o refúgio dos nacionalistas do Kuomintang, liderados por Tchang Kai-chek e vencidos pelos comunistas de Mao Tse-tung. Os seus 23 milhões de habitantes vivem desde então sob a ameaça de uma invasão.

Pequim, que reivindica a soberania sobre a ilha, intensificou as suas ações nos últimos anos para isolar Taiwan na cena internacional e eliminar qualquer tentativa de reconhecimento como Estado independente daquele território que tem um Governo próprio.

As tensões de um lado e do outro do Estreito aumentaram desde a eleição, em 2016, para a Presidência de Taiwan de Tsai Ing-wen, membro de um partido tradicionalmente hostil a Pequim.

A China reforçou recentemente a sua atividade militar em torno de Taiwan e um número recorde de incursões de aviões de combate chineses foi registado em outubro na zona de identificação de defesa aérea (Adiz) de Taiwan, um perímetro que começa a 200 quilómetros da costa taiwanesa.