Da responsabilidade da organização internacional de defesa das aves “BirdLife International” com a colaboração da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o estudo alerta que os números podem ser só “a ponta do iceberg”, porque muitos países costeiros não têm estimativas e quando existem raramente incluem toda a frota pesqueira do país.

Das 200.000 aves marinhas, 150.000 são mortas em águas da União Europeia, nota-se no documento.

“Este estudo vem reforçar, não só a importância, mas também a urgência de criar o Plano Nacional de Ação para a minimização das capturas acidentais na pesca”, diz Ana Almeida, técnica de conservação marinha na SPEA, citada num comunicado da associação portuguesa.

E acrescenta: “Estamos a colaborar com as entidades governamentais responsáveis no desenvolvimento deste plano que deve estar pronto até ao final do ano. A monitorização deste problema tem sido muito importante, mas é insuficiente. Encontrar e aplicar soluções que mitiguem este problema é determinante para garantir que a atividade de pesca seja sustentável e que os recursos marinhos se mantenham disponíveis para as gerações futuras.”

Também num comunicado sobre o estudo, a “BirdLife International” alerta que as aves marinhas são dos grupos de aves mais ameaçados na Europa, com mais de um terço das espécies a sofrerem declínios populacionais.

Entre as ameaças às colónias de reprodução em terra, a organização fala das espécies invasoras e perturbações no ‘habitat’, e dá como exemplos de outras ameaças, no mar, a sobrepesca e as infraestruturas de energia renovável (como as eólicas).

As alterações climáticas, acrescenta, estão a “aumentar a pressão ao longo do ciclo de vida” das aves.

A organização nota que as ameaças são fáceis de gerir e que em muitos casos “alterações relativamente simples nas práticas de pesca ou modificações nas artes de pesca podem reduzir significativamente o número de aves” que morrem.

“Esperamos que esta análise possa ajudar os investigadores, os gestores das pescas, os governos e muitas outras partes interessadas no setor marinho a compreender a escala das capturas acidentais de aves marinhas na Europa. Os números são alarmantes e confirmam que as capturas acidentais são uma das principais ameaças para as aves marinhas migratórias que se reproduzem ou visitam as águas europeias”, diz a “BirdLife International”.

Segundo a organização, os números mais alarmantes de capturas acidentais são registados nas redes de emalhar no mar Báltico e no Atlântico Nordeste e nos palangres (arte de pesca à linha) no Atlântico Nordeste e no Mediterrâneo.