Diz a RTP que, de acordo com o diretor do evento, Maria João Pires terá caído durante a tarde de domingo numa rua em Riga, capital da Letónia. A pianista deveria encerrar esta noite o Festival de Música de Riga Jurmala.

A mesma informação foi adiantada pelo jornalista e crítico britânico Norman Lebrecht, escrevendo para a revista especializada Opera News (citada pela Lusa), que descreve a comunicação feita pelo diretor artístico do festival, Martin Engstroem, e o seu diretor executivo, Zane Culkstena, no início daquele que seria o recital da pianista portuguesa, no encerramento do Festival de Riga, na Ópera Nacional da Letónia, na noite de domingo.

Ao Expresso, a sobrinha da pianista referiu posteriormente que o acidente foi "muito grave".

Contudo, no início da tarde desta segunda-feira, foi informado através do Instagram de Maria João Pires que esta está a recuperar bem. "Após um período de algumas semanas de descanso, será capaz de retomar as suas atuações. Caiu acidentalmente e, como medida de precaução, foi levada às urgências do hospital. Os exames revelaram mais tarde que um dos seus ombros sofreu alguns danos, mas espera-se que cicatrize com o tratamento e repouso prescritos", pode ler-se.

O concerto do Maria João Pires, em Riga, que previa a interpretação de obras de Liszt e de Ravel, estava inserido numa digressão da pianista que, no último mês, já passou por Espanha, Áustria, Itália e que, em novembro e dezembro, prevê a sua atuação em salas de França, Holanda e Hungria, depois do seu regresso a Espanha.

Maria João Pires é também um dos principais nomes da Temporada Gulbenkian de Música 2021-2022, anunciada na semana passada.

O pianista japonês Mao Fujita, que encerrou o festival de Riga, apareceu no último momento, para substituir Maria João Pires, sendo as fotografias desta atuação as publicadas pelo certame, na sua página no Facebook, assinalando o encerramento.

Mao Fujita já tinha atuado duas vezes no festival - um recital a solo e outro acompanhando Marc Bouchkov -, tendo acabado por repetir em grande parte o seu programa do dia anterior.

A agência Lusa tentou contactar o Centro de Artes de Belgais, da pianista, sem resultado.

Maria João Pires nasceu em Lisboa, a 23 de julho de 1944. É a mais internacional e reputada dos pianistas portugueses, com um percurso artístico que remonta a finais dos anos de 1940, quando se apresentou pela primeira vez em público, aos quatro anos.

Entre os prémios conquistados pelo talento artístico contam-se o primeiro prémio do concurso internacional Beethoven (1970), o prémio do Conselho Internacional da Música, pertencente à organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, 1970) e o Prémio Pessoa (1989).

Na década de 1970, o seu nome tornou-se recorrente nos programas das principais salas de concerto a nível mundial, e nos catálogos das principais editoras de música clássica: a Denon, primeiro, para a qual gravou a premiada integral das Sonatas de Mozart (1974); a Erato, a seguir, nos anos de 1980, onde deixou Bach, Mozart e uma das mais celebradas interpretações das "Cenas Infantis", de Schumann; e depois a Deutsche Grammophon, a partir de 1989.

No seu percurso, destacam-se as parcerias com o pianista turco Hüseyin Sermet, com os maestros Claudio Abbado, Pierre Boulez, Frans Bruggen, John Eliot Gardiner, Michel Corboz, Armin Jordan, Claudio Scimone e Theodor Guschlbauer, entre outros. Tocou com as mais importantes orquestras, da Filarmónica de Berlim à Filarmónica de Londres.

Em 2015, venceu o prémio Gramophone, com a gravação, para a Onyx, dos Concertos n.ºs 3 e 4 de Beethoven, com a Orquestra Sinfónica da Rádio Sueca e o maestro Daniel Harding.