Em comunicado enviado à Lusa, o Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil (SPAC) “denuncia erros de planeamento” e “estranha a escolha feita” pela empresa responsável pela operação dos quatro helicópteros do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), a Avincis, e pelo próprio INEM, que mantém operacionais no período noturno as bases de Macedo de Cavaleiros e de Loulé, ao contrário do que aconteceu quando os pilotos fizeram greve em novembro.
Nessa altura, os serviços mínimos decretados mantiveram operacionais as bases de Macedo de Cavaleiros e de Évora, a opção que garantiria “melhor cobertura nacional de socorro à população” ao longo de 24 horas num cenário de funcionamento de apenas duas bases, alega.
“O SPAC questiona a quem dará jeito esta opção, que é contrária à do Governo e também aos interesses da população e do socorro de emergência. Queremos acreditar que o facto de o senhor Diretor Nacional do Serviço de Helicópteros de Emergência Médica ser também o Diretor Regional do Algarve do INEM, e cumulativamente pertencer à Base de Loulé, seja apenas uma mera coincidência”, lê-se no comunicado do sindicato.
O SPAC questiona também a opção de mudar o modelo de helicóptero em funcionamento na base de Macedo de Cavaleiros, que deixa de ser um Aw109 e passa a ser um Aw139, um facto que “deixa perplexo” o sindicato, pelas “restrições operacionais” que acarreta, uma vez que este modelo não pode, segundo enumera o SPAC, aterrar nos hospitais de Bragança, Mirandela e no “principal heliporto de destino”, em Massarelos, para transportar doentes para o Hospital de Santo António, no Porto.
“Estas restrições, que vão obrigar a aterrar em campos de futebol para desembarque de doentes com destino aos hospitais, noutros tempos e em condições normais, seriam mais do que suficientes para se impedir o recurso ao Modelo Aw139 nesta região, colocando-se o verdadeiro interesse da população em primeiro lugar”, critica o sindicato.
O SPAC levanta ainda questões relacionadas com horários de trabalho e escalas dos pilotos, questionando que as duas bases que vão operar 24 horas – Loulé e Macedo de Cavaleiros – têm no mês de janeiro apenas 12 pilotos afetos ao serviço e as outras duas, Évora e Viseu, que apenas vão operar 12 horas, entre as 08:00 e as 20:00, têm 20 pilotos escalados nesse mês.
“Como é se pode explicar que, com 20 pilotos, a Avincis não consegue garantir a operacionalidade dos helicópteros por 24 horas (Viseu e Évora), quando em Loulé e em Macedo de Cavaleiros (com apenas 12 pilotos), o consegue garantir? (…) a redução do socorro dos helicópteros do INEM, durante a noite, nos próximos seis meses, não será da responsabilidade dos seus pilotos! O SPAC não pode ficar indiferente a estes erros de planeamento nem à desculpa de que não se pode manter um serviço 24 horas por dia”, acrescenta.
O INEM anunciou na quinta-feira uma redução para metade dos helicópteros em serviço no período noturno, explicando que o ajuste resulta de, numa consulta de mercado, o instituto só ter recebido duas respostas, uma delas com a solução que se vai implementar a partir de janeiro.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do INEM, Luís Meira, explicou que o valor disponível para este serviço passou de 7,5 para 12 milhões de euros anuais.
E disse que, na consulta pública que foi feita para manter o serviço até ao fim de um concurso internacional que vai acontecer, das duas empresas que responderam, uma apresentou valores acima dos limites e a outra, a atual, disse que só poderia manter dois helicópteros 24 horas por dia.
O responsável disse esperar que esta situação dure no máximo seis meses, e que depois do concurso se regresse aos quatro helicópteros disponíveis 24 horas por dia.
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