A Polícia Judiciária, em estreita articulação com o Ministério Público/DCIAP, no âmbito do processo em que João Rendeiro estava condenado da prática de crimes de branqueamento, conseguiu já recuperar até ao dia de ontem cerca de nove obras de arte que se encontravam descaminhadas, avançam em comunicado enviado às redações.

"Em outubro de 2021, na sequência da fuga de João Rendeiro, e da notícia do descaminho de diversas obras de arte, no âmbito do processo no qual este estava condenado a Polícia Judiciária, encetou diligências, tendo em vista a localização e recuperação do produto do crime, tendo sido igualmente aberto inquérito no DCIAP contra João Rendeiro, Maria de Jesus Rendeiro, Florêncio Plácido Correia de Almeida e outras pessoas", referem.

No âmbito dessas diligências, que envolveram, além do mais, a expedição de pedidos de cooperação judiciária internacional ao Reino Unido, EUA, França, Espanha, África do Sul, Suíça e Bélgica de vários bens e valores, nomeadamente obras de arte no valor de milhares de euros.

Confira aqui a galeria de obras apreendidas:

No decurso da investigação foram também arrestados ou apreendidos bens que estavam na esfera de Maria de Jesus Rendeiro e João Rendeiro, nomeadamente: um apartamento na Quinta Patino, adquirido em 2018 por 1.150.000,00 euros, um Mercedes no valor de cerca de 50.000,00 euros, saldos bancários de contas abertas em Portugal no valor de 14.000,00 euros e saldos bancários de contas abertas no estrangeiro no valor de cerca de 500.000,00 euros.

Neste momento encontram-se já arrestados ou apreendidos bens e valores no valor de cerca de 70.000.000,00 euros, sendo que as investigações continuam em curso, segundo a PJ.

Recorde-se que o fundador e antigo presidente do BPP, João Rendeiro, condenado a cumprir pena de prisão por crimes relacionados com o BPP, morreu em 12 de maio de 2022 numa prisão na África do Sul, onde estava desde 11 de dezembro de 2021, após três meses de fuga à justiça portuguesa para não cumprir pena em Portugal.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, começou com a crise financeira de 2008 e culminou em 2010 com a liquidação. Apesar da pequena dimensão do banco, a falência do BPP lesou milhares de clientes e o Estado e fez temer efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira.

Em dezembro 2008, face à falta de liquidez, o Banco de Portugal nomeou uma administração provisória para o BPP e seis bancos emprestaram 450 milhões de euros (CGD, BCP, BES, Santander Totta, BPI e Crédito Agrícola) em troca de uma garantia do Estado.