Henrique Noronha, inspetor-chefe da Polícia Judiciária do Porto, explicou hoje, em conferência de imprensa, que a associação que operava entre a América do Sul e a Europa atuava com células de “cinco a seis pessoas” e que esses grupos são suspeitos de cometer furtos em unidades hospitalares de “20 países europeus”.

O objetivo era “subtrair material médico”, principalmente aparelhos para exames médicos de endoscopia e colonoscopia, e depois recolocar esse material médico no mercado sul americano.

O material furtado era normalmente identificado, numa primeira abordagem, numa consulta médica de rotina para depois ser enviado, via encomenda postal, para a América do Sul. O material médico era depois colocado no "mercado negro".

"Esses aparelhos estão praticamente todos na América do Sul", principalmente na Colômbia, explicou Henrique Noronha.

Segundo a Polícia Judiciária, cuja investigação contou com o apoio da Europol (serviço Europeu de polícia) e da Eurojust (agência da União Europeia para combater formas graves de criminalidade organizada), concluiu que a associação terá cometido “320 furtos em hospitais de 20 países europeus no valor de 65 milhões de euros”, entre 2015 e este ano.

Em Portugal foram registados “cinco furtos” em hospitais públicos e privados de Lisboa e do Porto.

A média dos prejuízos dos furtos nas cinco unidades hospitalares de Portugal é de “200 mil euros”, resultando em cerca de um milhão de euros de prejuízos, referiu Henrique Noronha.

Esta investigação, cujas diligências ainda estão a decorrer, devido à “complexidade” e “elevada organização” do grupo em questão, foi desenvolvida por “uma pequena equipa” da Judiciária, adiantou António Pinto, inspetor da Judiciária.

“A investigação tem razões para crer que esta associação tenha outros membros no solo europeu e estão a ser feitas diligências”, acrescentou Henrique Noronha, referindo que “ainda há pessoas para deter”.

O último furto que a Polícia Judiciária detetou foi em janeiro num hospital de Lisboa, altura em que foram detidas, em Madrid (Espanha), duas pessoas colombianas, sendo o material subtraído no valor de 200 mil euros.

A investigação da PJ decorre, todavia, desde 2015, embora as primeiras referências da organização remetam para 2013.

“Neste momento e no que está em investigação do furto de janeiro de 2019 num hospital de Lisboa estão detidos dois cidadãos, um do género feminino, outro do género masculino colombianos, que estavam em Madrid e que ali forma localizados e entregues às autoridades portuguesas na sequência de mandados europeus que foram emitidos”, acrescentou.

Ambos os detidos ficaram em prisão preventiva depois de ouvidos pelas autoridades judiciais.