De acordo com a agência de notícias espanhola Efe, um forte dispositivo policial, formado por dezenas de agentes dos Mossos e duas dezenas de carrinhas da Brigada Móvel, esteve destacado desde as 06:30 nas proximidades da universidade para proceder à prisão de Hasél, cujo prazo para se entregar voluntariamente para cumprir a pena terminou na sexta-feira.

Hasél trancou-se no edifício da reitoria da Universidade de Lérida na segunda-feira "para dificultar o mais possível a vida à polícia" antes da sua prisão iminente, disse à Efe, com o objetivo de tornar público o que considera ser um "ataque muito grave" contra a liberdade de expressão.

Apesar disso, a polícia conseguiu contornar facilmente as barricadas colocadas nas entradas do edifício por 50 ativistas que apoiaram Hasél.

Os ativistas refugiaram-se no terceiro andar do edifício, enquanto atiravam objetos aos agentes, mas foram finalmente encurralados pela polícia, que procedeu à sua identificação.

No interior do edifício havia também muitos jornalistas e fotógrafos que passaram a noite com os ativistas e com o 'rapper'.

Na segunda-feira, a Audiência Nacional voltou a rejeitar a suspensão da execução da pena de prisão do cantor, lembrando que em 2017 foi condenado por um crime de resistência ou desobediência à autoridade, e em 2018 por transgressão.

"Com este registo criminal seria absolutamente discriminatório em relação a outros criminosos, e também uma grave exceção individual na aplicação da lei, totalmente injustificada, a suspensão da execução da pena a este condenado", argumentou.

A Audiência Nacional acrescentou que "campanhas" a seu favor "não podem determinar a inaplicabilidade da lei atual, mas [apenas] a sua eventual modificação pelo Parlamento".

Em 8 de fevereiro, mais de 200 personalidades, incluindo o realizador Pedro Almodóvar e o ator Javier Bardem, assinaram um manifesto pedindo a libertação do 'rapper' e a alteração da lei, divulgado no jornal El País.

"A perseguição a 'rappers', autores de 'twits', jornalistas, bem como de outros representantes da cultura e da arte, por tentarem exercer o seu direito à liberdade de expressão, converteu-se numa constante", escreveram.

"O Estado espanhol passou a encabeçar a lista de países que mais represálias lançou contra artistas pelo conteúdo das suas canções. Agora, com a detenção de Pablo Hasél, o Estado espanhol está a equiparar-se a países como a Turquia ou Marrocos", criticaram.

Os factos pelos quais o 'rapper' foi condenado remontam a 2014 e 2016, quando publicou uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter, acusando as forças da ordem espanholas de tortura e homicídios.

Numa das mensagens, escreveu, ao lado de uma fotografia de Victoria Gómez, membro dos Grupos de Resistência Antifascista Primeiro de Outubro (GRAPO), uma organização considerada terrorista: "As manifestações são necessárias, mas não suficientes, apoiemos aqueles que foram mais longe".

O cantor também acusou o rei emérito Juan Carlos e o filho, Felipe VI, de vários crimes, incluindo homicídio e desvio de fundos.

O caso motivou manifestações a favor do 'rapper' e provocou incómodo no Governo, de maioria socialista.

Na segunda-feira, o executivo espanhol prometeu "uma reforma" legislativa para que os "excessos verbais cometidos no âmbito de manifestações artísticas, culturais ou intelectuais" não sejam punidos criminalmente.

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