Porto e Lisboa vão ter centros de atendimento clínicos pediátricos para receber crianças triadas pelos hospitais da região como não urgentes, anunciou hoje o coordenador do Plano de Reorganização para as Urgências de Obstetrícia/Ginecologia e Pediatria.

Alberto Caldas Afonso avançou na conferência de imprensa no Ministério da Saúde, em Lisboa, onde apresentou o plano, que o Centro de Atendimento Clínico (CAC) pediátrico do Porto vai funcionar no Hospital da Prelada, onde já funciona o CAC de adultos, que tem “excelentes condições”.

Este CAC irá receber as crianças reencaminhadas pelo centro hospitalar do Porto e pelos hospitais de Matosinhos e de Gaia.

Em Lisboa, o Centro de Atendimento Clínico pediátrico irá funcionar no Hospital da Cruz Vermelha e irá receber as crianças enviadas pelos hospitais Santa Maria, Dona Estefânia e São Francisco Xavier.

“Em Lisboa, o local foi mais difícil de encontrar”, mas “dá garantias” para realizar o trabalho necessário, comentou Caldas Afonso, avançando que irão iniciar-se as negociações para operacionalizar o processo.

Segundo o presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, que elaborou o plano, nos CAC haverá sempre um pediatra na equipa e enfermeiros, preferencialmente, com experiência em saúde infantil.

Sem avançar com uma data para abertura dos CAC, Caldas Afonso disse que gostaria que acontecesse “antes do pico de inverno das infeções respiratórias”, para evitar que as crianças passem “tempos intermináveis” nas urgências como geralmente acontece neste período.

O responsável alertou, na conferência, para a questão da falta de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde, defendendo um modelo de incentivos para conseguir captar e manter os profissionais.

  “A nossa convicção daquilo que estamos a trabalhar em termos de propostas nesta matéria é que vamos ser altamente competitivos e muitos dos médicos que saíram para outras atividades, nomeadamente para o setor privado, irão voltar para o SNS”, declarou.

Também presente na conferência de imprensa, o presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia, Diogo Ayres de Campos, falou das dificuldades das equipas de obstetrícia em reter os profissionais.

Para alterar esta situação, Diogo Ayres de Campos disse que existem “algumas medidas de fundo” relacionadas com os incentivos e com a normalização das horas extras.

“O pagamento das horas extras que nós queremos de facto implementar”, apontou Ayres de Campos.

O Plano de Reorganização para as Urgências de Obstetrícia/Ginecologia e Pediatria vai arrancar inicialmente como projeto-piloto em Lisboa e Vale do Tejo, região Oeste e Península de Setúbal, sendo depois alargado a todo o país.

O projeto-piloto terá a duração de três meses, altura em que será avaliado, e entra em vigor com a publicação da portaria que define esta organização, bem como a criação dos CAC pediátricos, cuja data não foi anunciada.

Segundo Caldas Afonso, a Linha SNS criança, que vai ser criada, não está dependente da publicação da portaria para avançar.