De acordo com os dados consultados pela Lusa, das cerca de 98 mil viagens pendulares, ou seja, "deslocações de uma pessoa entre dois pontos do espaço geográfico", normalmente residência e trabalho ou escola, originadas em Gondomar, 56% têm como destino o Porto.
A percentagem diminui nos restantes três concelhos agregados no lote Norte Nascente do concurso público de transporte público rodoviário da Área Metropolitana do Porto (AMP), já que em Valongo, das 56 mil deslocações, 40% são para o Porto, em Paredes (51 mil) a percentagem desce para 26% e em Santo Tirso (40 mil) para 14%, ainda assim números superiores a qualquer outro concelho.
No entanto, em Paredes, do total das viagens pendulares 70% são municipais (dentro do próprio concelho), sendo esta percentagem de 72% em Santo Tirso, 52% em Valongo e em Gondomar.
Do total de deslocações, em Gondomar 61% privilegiam o transporte individual, subindo essa percentagem para 62% em Paredes e Valongo e para 67% em Santo Tirso.
Os dados constam de uma versão provisória da “Caracterização do Sistema de Transportes em Cada Município" da AMP, feita no âmbito do concurso público para o transporte público rodoviário na região, lançado em janeiro de 2020, e que por esse motivo incluem dados dos Censos de 2011.
Gondomar, Paredes, Valongo e Santo Tirso estão integrados no lote Norte Nascente do concurso público de transporte rodoviário para a AMP, que, segundo o JN, foi atribuído à espanhola Nex Continental Holdings.
Para o lote em questão, a empresa da região de Madrid propôs um preço de 1,42 euros por quilómetro e uma frota de 14 veículos com classe de emissões zero e 186 veículos Euro VI, segundo os documentos da proposta.
Depois de um impasse nos tribunais, o concurso poderá agora ser adjudicado, sendo que para Santo Tirso estão previstas 14 linhas, para Valongo 13, para Paredes 35 e para Gondomar 40.
Em Gondomar, "61% das viagens em transporte coletivo são intermunicipais" e 36% dentro do próprio concelho, uma proporção superior à de Valongo (32%), concelhos que contrastam com os restantes, já que em Paredes 56% das viagens são dentro do próprio município, ascendendo este número para 74% em Santo Tirso.
Os restantes destinos de quem inicia as suas viagens pendulares em Gondomar são a Maia (10%), Matosinhos (9%) e Vila Nova de Gaia (8%), e no caso de Santo Tirso, depois do Porto, a Trofa representa 12% das viagens e a Maia 6%, concelho que recebe ainda 20% das viagens originadas em Valongo.
Precisamente no concelho valonguense, 30% das pessoas utilizam o transporte público em Ermesinde, "enquanto nas outras freguesias é sempre inferior a 25%", denota o estudo.
Algumas zonas de Paredes também registam um peso do transporte público igual ou superior a 30%, como é o caso de Parada de Todeia (38%), Sobreira (36%), Vila Cova de Carros (34%), Recarei (33%) e Cete (30%).
Em Gondomar, o peso do uso do transporte público é superior a 30% em Melres, Rio Tinto, Fânzeres, Meda e São Pedro da Cova, indica ainda o documento.
O concurso público para operadores privados de autocarros da AMP acaba com um modelo de concessões linha a linha herdado de 1948 e abrange uma nova rede uniformizada de 439 linhas, incluindo bilhete Andante, com a frota de autocarros a dever apresentar "uma imagem comum em todo o território" da AMP.
No entanto, o presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, já adiantou que nalguns lotes que foram a concurso (num total de cinco) "há uma possibilidade de revisão da rede até 10%".
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