De acordo com as conclusões do relatório, que se propõe medir o nível de literacia da população em matéria de cibersegurança, a ‘Inclusão da População’ e as ‘Políticas Governamentais’ são os parâmetros em que Portugal apresenta melhores resultados, por oposição à ‘Motivação Pública’ e ao ‘Mercado de Trabalho’, onde fica abaixo do meio da tabela.
Segundo o estudo da Oliver Wyman, que analisou 50 geografias (49 países mais União Europeia), os portugueses “têm ainda pouca consciência dos riscos cibernéticos e são pouco proativos na sua redução”.
A nível global, Portugal classifica-se a meio da tabela (25.º), com um total de 536 pontos, à frente da Espanha e da Bélgica, ficando acima da média em três dos cinco parâmetros analisados: ‘Inclusão da População’ (13.º), à frente da Dinamarca, Alemanha e Áustria; ‘Sistema de Educação’ (17.º), à frente da França, Alemanha e Lituânia; e ‘Políticas Governamentais’ (22.º), à frente da Noruega, Espanha e Suécia.
“Os pilares avaliados em cada um dos parâmetros indicam que a educação é um dos pontos onde Portugal mais se destaca”, conclui, precisando que, no ‘Sistema de Educação’, o país ocupa a 11.ª posição no pilar do ensino (cai depois para 29.º no pilar da requalificação profissional) e, em matéria de ‘Inclusão da População’, volta a conseguir um 11.º lugar no pilar da inclusividade da educação, mas desce para 25.º na inclusividade da tecnologia.
Estes resultados contrastam, no entanto, com os alcançados no parâmetro ‘motivação pública’, que mede o compromisso da população com a prática da segurança cibernética, incluindo métricas como a taxa de adesão a práticas cibernéticas seguras específicas.
A este nível, Portugal desce para o 34.º lugar em matéria de consciência dos riscos e motivação para estas questões e para o 33.º no que diz respeito à propensão cultural para a redução de riscos de segurança, o que lhe confere o 33.º lugar a nível global.
Salientando que, “além da motivação da população, cabe aos empregadores um papel essencial na promoção da literacia digital dos seus colaboradores”, o trabalho conclui, contudo, que também no parâmetro ‘mercado de trabalho’, que avalia a situação no domínio empresarial, o país fica aquém da média e ocupa o 34.º lugar, atrás da Espanha.
Conforme explica, os pilares em análise indicam que, “apesar de Portugal se situar em 24.º em termos de inovação na segurança digital, os empregadores portugueses estão ainda pouco sensibilizados para estas questões”.
Já no que se refere à procura de profissionais com competências na área, o país cai para o 32.º lugar, o que “indica um desencontro entre a procura existente e a dinâmica real do mercado de trabalho”.
Conforme salienta a Oliver Wyman, “num mundo cada vez mais digital os ciberataques são já um dos crimes que mais crescem a nível mundial e deverão custar mais de 6.000 milhões de dólares [5.126 mil milhões de euros] às organizações no próximo ano”.
“A situação agudizou-se durante a pandemia, altura em que a dependência da Internet aumentou. Neste contexto, muitos governos compreendem já a necessidade de ter uma força de trabalho com competências digitais, mas poucos entendem a dimensão do desafio e até que ponto este exige uma reformulação do sistema educativo e das práticas de trabalho”, refere.
Uma vez que “quase 95% dos problemas digitais se devem a erro humano” (por exemplo, clicar num ‘link’ fraudulento), ganha particular importância “a necessidade de alargar a literacia digital, de forma a torná-la um conhecimento acessível a todos, à semelhança do que é feito, por exemplo, em matéria de educação financeira e de saúde”.
Segundo a consultora, até 2022 o mercado global de cibersegurança deverá atingir os 170 mil milhões de dólares (cerca de 145 mil milhões de euros), tendo na última década os governos de todo o mundo assumido um papel mais ativo nesta matéria, impulsionando estratégias nacionais, dedicando recursos à defesa cibernética e explorando métodos para dotar as empresas de maior proteção.
“No entanto, à medida que o mundo se digitaliza, passaram a confiar mais nos cidadãos para se protegerem a si e aos outros no ciberespaço, sem lhes facultarem as ferramentas e a formação necessárias para o fazer”, nota, concluindo que “os países compreendem os desafios, mas nem sempre dispõem de informação sobre o conhecimento da população e as lacunas existentes”.
O índice da Oliver Wyman visa assim “esclarecer estas questões, de forma a permitir que os países descubram as melhores práticas globais e concentrem a sua atenção nas áreas que mais necessitam”.
Destacando a Suíça, Singapura, Reino Unido, Austrália e Holanda como os países com maiores taxas de literacia digital, a consultora conclui que “a chave para o sucesso” passa por uma “boa integração entre os níveis de educação, negócios e governo”.
“Os empregadores destas áreas geográficas reconhecem a importância do risco cibernético e exigem trabalhadores qualificados em cibersegurança. As suas políticas governamentais em matéria de instrução de risco cibernético são amplas e específicas, e na maioria transparentes, em termos de financiamento e métricas utilizadas para avaliar o progresso e o sucesso”, remata.
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