Na reabertura, os responsáveis da Fundação Bissaya Barreto (FBB), proprietária do espaço lúdico, prepararam um circuito que leva os visitantes obrigatoriamente em sentido único, começando pelo Oceano Índico (pavilhões de Moçambique, Índia, Timor em Macau) e depois pelo arquipélago dos Açores e Portugal Monumental, representativo do Ribatejo, Beira Litoral, Lisboa, Alentejo e Algarve, até ao espaço das casas regionais portuguesas.
O regresso é feito por Coimbra, com acesso ao conjunto escultural do Paço das Escolas da Universidade, Minho, Porto e Trás-os-Montes, passando depois pelo Oceano Atlântico, representado pelo espaço representativo da ilha da Madeira e edifícios de Cabo Verde, Brasil, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Angola.
Se às primeiras horas da manhã de hoje ainda eram poucas as crianças no Portugal dos Pequenitos - situação que se foi alterando ao longo do dia, com várias famílias a acederem ao parque, conforme constatou a agência Lusa no local - os primeiros a utilizar o espaço foram os alunos da Casa da Criança que ocupa o topo sul do recinto e em cujo jardim o médico Bissaya Barreto idealizou, na década de 1940, o espaço representativo do mundo português da altura, império colonial incluído.
Em declarações à agência Lusa, Ivo Pimentel, administrador da FBB, destacou a "missão" da Fundação em manter o parque idealizado pelo seu patrono.
"O Portugal dos Pequenitos nasce como jardim da Casa da Criança. A ideia do fundador para estes meninos, numa altura em que ninguém viajava e tinha as facilidades de hoje, era permitir que as crianças, até de fracas posses, pudessem conhecer o seu país, a arquitetura e a história", argumentou.
"Nasce por causa das crianças, mas não é um parque temático, é um jardim lúdico-pedagógico. E o Portugal dos Pequenitos também é muito importante para nós, porque a Fundação é uma IPSS [instituição particular de solidariedade social] com obra social e, nessa obra social, grande parte das receitas são geradas pelo seu património cultural", acrescentou o administrador.
Hoje, apesar das medidas de segurança face à pandemia de covid-19, que impuseram o uso de máscara, ainda que ao ar livre (e existiam várias crianças com elas, embora não seja obrigatória para os mais pequenos), o dia no Portugal dos Pequenitos foi de brincadeiras e afeto, como o protagonizado por um menino, acompanhado da mãe, que, mal entrou, foi a correr abraçar uma dupla de palhaços responsável pela animação.
André, sete anos e residente em Coimbra, voltou hoje ao Portugal dos Pequenitos assim que acabaram as aulas à distância: "Gosta muito de cá vir, mas ainda não há muitos meninos para brincar. É bom, porque assim tem mais espaço", observou a mãe, Alexandra, aludindo aos dias em que o recinto se enche de crianças.
Na zona das casas regionais, Constança, cinco anos, acompanhada dos pais, anda alegremente pelo recinto, finta uma emissão em direto de um programa de televisão e saltita de casa em casa.
Os três chegaram de Matosinhos, já conheciam o Portugal dos Pequenitos, mas Constança, então com dois anos, não terá presente nenhuma memória do espaço, refere o pai, Paulo.
"Visitámos na altura dos nossos pais e avós e agora que temos uma filha faz todo o sentido regressar. Conservar isto como foi construído é que tem piada, nunca mais nos esquecemos", acrescentou.
Sobre os planos de revitalização e expansão do Portugal dos Pequenitos, o administrador da Fundação Bissaya Barreto revela que a instituição já está "em condições" de dar andamento aos concursos, depois de um período em que o projeto demorou a avançar na autarquia de Coimbra.
"As coisas já estão ultrapassadas, às vezes demoram mais tempo do que gostaríamos. Os pavilhões da entrada [dos antigos países coloniais] vão ter conteúdos especiais e vamos ter outros sobre Portugal e a nossa cultura", afiançou.
Por outro lado, na zona de expansão, Ivo Pimentel, embora sem revelar grandes pormenores, revelou que serão instaladas "duas ou três obras arquitetónicas que reflitam o Portugal moderno".
"Serão obras que do ponto de vista arquitetónico sejam, de facto, emblemáticas. Depois, terá de existir um certo equilíbrio regional, não teremos só de uma determinada região do país", frisou.
Já as construções atuais "são intocáveis" a nível de infraestrutura, garantiu o administrador da FBB.
"Estas casas regionais, todas elas, no passado, tinham conteúdos, tinham mobiliário regional, pequenino", recordou, lembrando que esse conteúdo, ao longo dos anos, foi-se degradando e estragando e acabou retirado.
"No exterior não vamos tocar. Mas, do nosso ponto de vista, é possível enriquecer a experiência de quem nos visita e explicar porque é que determinada casa, determinado pavilhão está aqui. Uma criança da geração de agora não vai perceber porque temos um pavilhão de Macau ou Angola, tem que se explicar e contextualizar, é isso que vamos fazer, manter e acrescentar valor", acentuou Ivo Pimentel.
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