Representantes de associações agrícolas de diversos países vão participar numa manifestação no ‘bairro europeu’ esta quinta-feira, às 12:00 (11:00 em Lisboa), para explicar as razões do seu descontentamento.
A Asaja, representante de Espanha, sublinhou, em comunicado, que também vão marcar presença representantes de Itália e de Portugal, pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), noticiou a agência Efe.
Quer a polícia, quer o Centro Nacional de Crise do Governo belga pediram à população que evitasse viajar para a capital de carro esta quinta-feira, devido às grandes perturbações de trânsito esperadas.
As razões do descontentamento dos agricultores, que suscitaram protestos nos últimos meses em mais de quinze Estados-membros, incluindo a Alemanha e a França, não deverão ser formalmente abordadas na cimeira europeia de quinta-feira.
No entanto, o Presidente francês Emmanuel Macron disse há poucos dias que quer falar sobre o assunto durante a sua presença em Bruxelas.
Macron indicou que irá propor à presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, uma série de mudanças na política agrícola, nomeadamente nas regras de pousio e na entrada de produtos ucranianos, para resolver a crise que o seu Governo enfrenta com os protestos do setor.
A Comissão Europeia propôs hoje prolongar por mais um ano as vantagens comerciais que concede à Ucrânia para apoiar a sua economia face à invasão da Rússia, mas introduziu salvaguardas caso um ou mais países vejam os seus mercados agrícolas afetados.
Além disso, a Comissão Europeia propôs hoje revogar durante 2024 a regra que obriga os agricultores a manter parte das suas terras cultiváveis em pousio, uma medida exigida pelos manifestantes que protestam em vários Estados-membros.
O ministro da Agricultura francês, Marc Fesneau, saudou as iniciativas apresentadas e destacou que os protestos agrários “não são apenas uma questão francesa, mas são uma questão de toda a Europa”.
Fesneau sublinhou também a importância da solidariedade com a Ucrânia, mas alertou para os efeitos desestabilizadores no mercado da atual liberalização comercial sem tarifas.
Quanto ao Mercosul, referiu que Macron reafirmará na cimeira europeia de quinta-feira a posição da França de que o acordo comercial com aquele grupo de países “não é aceitável”.
A Confederação Nacional de Agricultores (CNA) divulgou hoje que vai promover em Portugal iniciativas regionais de protesto, incluindo marchas lentas e manifestações, pela melhoria dos rendimentos no setor.
A CNA adiantou também que as reclamações e reivindicações dos agricultores estiveram hoje em cima da mesa em Bruxelas com a REPER — Representação Permanente de Portugal Junto da União Europeia e na quinta-feira na mesa-redonda “PAC em Português” promovida pela Confederação com os deputados portugueses ao Parlamento Europeu.
Os protestos de agricultores na Polónia em 2023, contra a liberalização das importações da Ucrânia, estenderam-se a outros países da Europa de Leste e à Alemanha, após o anúncio, em dezembro, de uma redução nas subvenções e a eliminação de benefícios fiscais sobre o gasóleo agrícola.
Com a contestação a alastrar pela Europa, alcançando Espanha, Grécia e, mais recentemente, Portugal, a Comissão Europeia lançou um “diálogo estratégico” sobre o futuro da agricultura, em contagem decrescente para as eleições europeias (06 a 09 de junho).
Comentários