“Portugal e Espanha concertaram posições para conseguir mais quota, mas isso só pode ser feito depois de uma validação científica”, explicou hoje o secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, à agência Lusa.
José Apolinário esteve reunido no final da semana passada com a secretária-geral das Pescas de Espanha, Alicia Villauriz, para definir a estratégia para as próximas semanas.
Os dois países ibéricos “querem mais” do que a quota de 4.142 toneladas para 2020 recomendada e, segundo Lisboa, será possível chegar pelo menos às 10.799 toneladas de sardinha pescada em 2019.
“Nós entendemos que o estado do recurso permite negociar o equivalente à base do ano passado, mas temos de ter um parecer técnico validado pela Comissão Europeia”, disse o responsável português.
Num parecer publicado em meados de dezembro último, o Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) recomendou que as possibilidades de pesca da sardinha para Portugal e Espanha deviam ser fixadas em 4.142 toneladas em 2020.
Na base desta recomendação estão, nomeadamente, os baixos níveis de biomassa (sardinhas) com idade igual ou superior a um ano, além do recrutamento (classe 0 de idade) estar em mínimos de 2006.
No entanto, Lisboa e Madrid sustentam que a gestão conjunta nas águas dos dois países possibilitou um aumento de 52% dos recursos: de 117.929 toneladas em 2015 (o ponto mais baixo do 'stock') para 179.410 em 2019.
Até ao fim do corrente mês, Portugal e Espanha pretendem “clarificar” junto do ICES qual é a “regra de exploração” a utilizar, validar esses resultados junto da Comissão Europeia, para em seguida se reunirem com os industriais do setor.
A campanha de pesca da sardinha começa normalmente em 01 de maio em Espanha e em 01 de junho em Portugal.
Os dois países concordam que até 2022 se deve alcançar um nível de exploração que permita a recuperação dos recursos de sardinha que assegure a sustentabilidade, tendo em conta a importância socioeconómica desta pesca emblemática e tradicional para as frotas pesqueiras portuguesa e espanhola.
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