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Segundo a análise “Talento sem prazo de validade: o mercado de trabalho depois dos 55”, da Randstad Research, Portugal enfrenta hoje um duplo desafio: o rápido envelhecimento da população e a dificuldade em reter talento em setores estratégicos. Neste cenário, o talento sénior assume um papel central, é simultaneamente reflexo da transformação demográfica e parte da solução para a escassez de profissionais qualificados.
De acordo com o documento enviado às redações, em 2024, 38% da população portuguesa tinha mais de 55 anos, e as projeções apontam para que, em 2050, essa percentagem suba para 46%, quase metade dos habitantes do país. No mesmo período, a população com menos de 30 anos deverá encolher em mais de 600 mil pessoas.
No contexto europeu, Portugal destaca-se como uma das sociedades mais envelhecidas. É atualmente o 2.º país mais envelhecido da União Europeia, apenas atrás de Itália, situando-se acima da média comunitária (35,5%). Mesmo com a descida para 4.º lugar em 2050, o país continuará muito acima da média europeia (45,9% face a 41,6%). O retrato é inequívoco: o grupo sénior supera largamente o dos mais jovens e inverte o perfil demográfico nacional.
Este fenómeno tem impacto direto no mercado de trabalho. Os profissionais com mais de 55 anos representam hoje uma fatia significativa da população ativa, e o seu peso continuará a aumentar devido à evolução do emprego e à dinâmica demográfica. Um em cada cinco trabalhadores portugueses tem entre 55 e 64 anos. Em 2024, quase dois milhões de pessoas acima dos 55 anos estavam ativas, o valor mais elevado de sempre, o que significa que 20% da força de trabalho pertence a esta faixa etária.
Também a população empregada nesta idade atingiu um máximo histórico: quase 20% do total de empregados, mais 6,2 pontos percentuais do que há dez anos. Em números absolutos, o emprego sénior quase duplicou na última década. A distribuição por género é equilibrada (50,4% mulheres e 49,6% homens), refletindo o aumento da participação feminina numa fase de vida mais prolongada no mercado laboral.
Apesar desta presença crescente, os profissionais seniores continuam a enfrentar maiores barreiras de reintegração laboral. Em 2024, havia quase 64 mil desempregados com mais de 55 anos, um número inferior ao de 2014, mas com um peso acrescido no conjunto dos desempregados (de 14,2% para 18,1%). A situação é especialmente crítica no desemprego de longa duração: 28,8% dos desempregados há mais de um ano pertencem a esta faixa etária, o valor mais elevado entre todos os grupos.
A taxa de renovação geracional, que compara o número de jovens dos 10 aos 19 anos com o de adultos entre os 55 e os 64, evidencia um desequilíbrio estrutural na força de trabalho. “Por cada 10 profissionais que saem para a reforma, entram menos de 7 jovens.” Portugal apresenta a 4.ª pior taxa da UE (68%), o que significa que, no futuro próximo, o país não terá reposição natural suficiente para compensar as saídas por reforma.
Este défice estrutural de talento reforça a necessidade de prolongar a vida ativa dos trabalhadores seniores e de reforçar a imigração jovem, sob pena de uma contração significativa da força laboral.
“A solução não passa apenas por cortes ou reformas restritivas. Exige, sobretudo, a ativação estratégica de uma economia orientada para as atividades, produtos e serviços que respondam às necessidades destes profissionais”, afirma Érica Pereira. “O talento sénior deve ser encarado como fonte de receita e inovação. Ao promover o emprego sénior, o consumo ativo e a longevidade saudável, ampliamos a base contributiva e reduzimos a dependência, transformando a demografia numa alavanca de equidade intergeracional”, acrescenta.
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