“A estimativa que nós temos neste momento anda à volta de meio milhão de euros de prejuízo”, adiantou João Ponte, referindo-se aos caminhos agrícolas da responsabilidade dos serviços florestais e do Instituto Regional de Ordenamento Agrário (IROA).
O governante falava, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita aos terrenos agrícolas mais fustigados pela chuva forte e pelo vento que se fizeram sentir no passado domingo, com impacto sobretudo na zona oeste da ilha Terceira.
No que diz respeito aos caminhos agrícolas, João Ponte disse que serão repostas as situações “mais complicadas” para garantir a circulação em segurança dos agricultores, mas pelo menos duas intervenções de maior dimensão terão de ser efetuadas em 2020, com recurso a verbas do próximo orçamento.
“Estamos a investir cerca de 1,9 milhões de euros em novos caminhos aqui na ilha Terceira. Todos eles já estão concluídos ou com contrato assinado, não será possível reprogramar estes investimentos”, justificou.
O Governo Regional vai também apoiar os agricultores que tiveram prejuízos na cultura do milho forrageiro, mas os estragos ainda não estão contabilizados.
“Temos de aguardar mais algum tempo. A verdade é que sabemos que nas freguesias mais atingidas foram declarados cerca de 500 hectares de milho forrageiro, mas nem todos têm prejuízos e nem todos têm a mesma intensidade”, frisou o secretário regional.
João Ponte apelou, no entanto, aos agricultores para que façam seguros de colheita, salientando que o executivo não poderá continuar a ceder apoios quando já existem instrumentos financiados por fundos comunitários.
“É verdade que estamos numa fase inicial e numa fase de transição — se calhar muitos dos agricultores ainda não têm o conhecimento devido deste tipo de seguro — mas o apelo que faço é que nas próximas colheitas tenham atenção a essa matéria, porque também da parte do Governo não poderemos disponibilizar por um lado seguros de colheita e ao mesmo tempo ter apoios públicos para intempéries desta natureza”, alertou.
Segundo o presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT), José António Azevedo, os seguros são uma “boa resposta” para este tipo de situações, mas os agricultores só os deverão contratualizar nos meses de junho e julho, até porque as candidaturas ainda não estão disponíveis.
“Costumamos dizer que casa roubada, trancas à porta, mas não foi o caso. Foi uma mera coincidência. Os seguros estavam a tentar ser instalados já para salvaguardar estas colheitas. Não prevíamos era chuvas tão torrenciais no mês de junho”, avançou.
Os agricultores pagam apenas 30% do seguro, sendo os restantes 70% assegurados por fundos comunitários.
O seguro cobre apenas situações de granizo, chuvas torrenciais e ventos fortes, mas José António Azevedo defendeu que deveriam ser contemplados também prejuízos decorrentes da seca, que atingiu várias ilhas dos Açores em 2018.
“A situação da seca não está salvaguardada, mas penso que de futuro e com as alterações é um ponto que tem de ser visto, nem que o seguro tenha de ter mais algum custo”, afirmou.
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