“A SPA manifesta a sua alegria por ver distinguido com o Prémio Camões um dos mais destacados cooperadores e autores literários portugueses, com uma obra que nos honra e estimula”, lê-se no comunicado hoje divulgado.
A SPA, da qual Manuel Alegre é beneficiário desde 1970 e cooperador desde 1997, afirma que se congratula “com a merecida atribuição”, “como forma de reconhecimento da importância e da diversidade da sua obra e também de uma vida intensamente dedicada ao combate pela liberdade e pela democracia”.
A SPA recorda que o autor de “A Praça da Canção” recebeu o ano passado o Prémio de Consagração de Carreira na SPA.
“Manuel Alegre foi um militante destacado da luta pela liberdade em Portugal, tendo sido detido pela PIDE [polícia política do regime derrubado a 25 de Abril de 1974], em Luanda em 1965”, afirma a SPA, acrescentando que “logo após o 25 de Abril de 1974, [foi] um dos mais destacados dirigentes do PS, mas também deputado com uma longa e importante carreira e ainda secretário de Estado da Comunicação Social”.
O Prémio Camões foi atribuído na quinta-feira ao escritor português Manuel Alegre, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional brasileira, no Rio de Janeiro.
O escritor Manuel Alegre tem 81 anos e conta com uma carreira literária de mais de 50 anos, paralelamente a uma intervenção cívica e política.
Os livros "A Praça da Canção" e "O Canto e as Armas" marcaram, à partida, o seu percurso político e literário, de combate contra a censura, contra a guerra colonial e a ditadura do Estado Novo.
Num dos poemas que compõem "O Canto e as Armas", “Poemarma”, Manuel Alegre escreveu: “Que o Poema seja microfone e fale/ uma noite destas de repente às três e tal/ para que a lua estoire e o sono estale/ e a gente acorde finalmente em Portugal”, uma descrição que se aproxima do que foi o início do golpe militar que, a 25 de Abril de 1974, derrubou a ditadura.
Esta é a 29.ª edição do Prémio Camões e o júri foi constituído por Paula Morão, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Maria João Reynaud, professora associada jubilada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Leyla Perrone-Moisés, professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, José Luís Jobim, professor aposentado da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica de Maputo, e pelo poeta cabo-verdiano José Luís Tavares.
O Prémio Camões, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil, em 1988, foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga.
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