Num discurso em que insiste na necessidade de “defender, cumprir e fazer cumprir” a lei fundamental portuguesa, João Ferreira tem invocado artigos da Constituição, já ergueu uma edição de bolso para responder a insultos de adversários e até ordenou a distribuição de exemplares por uma plateia de jovens.

Com a maioria das ações de campanha a decorrerem ao ar livre, o eurodeputado e candidato apoiado pelo PCP e PEV tem enaltecido o papel dos trabalhadores a quem chama de “imprescindíveis”, aos quais tem dedicado boa parte das suas iniciativas.

Nos últimos 10 dias, João Ferreira tem-se esforçado para promover ações junto daqueles que não podem confinar: já esteve com trabalhadores da recolha de resíduos, carteiros, profissionais de saúde, e funcionários de superfícies comerciais, padeiros e pescadores.

Nas ocasiões em que as iniciativas decorrem em locais fechados, a organização da candidatura de João Ferreira tem tentado não exceder a duração de 60 minutos e os lugares destinados ao público nunca ultrapassam o limite de um terço da lotação das salas.

O arranque da campanha, no Coliseu do Porto, foi mesmo o evento de maior dimensão, onde estiveram cerca de mil pessoas – o espaço tem lotação para três mil -, tendo o candidato considerado a ação um “exemplo”, em matéria de organização.

Depois do cancelamento das ações para o terceiro dia de campanha, no dia 12, na sequência da infeção do Presidente da República com o novo coronavírus, a agenda do candidato começou a “acelerar”, em quantidade de ações e quilómetros percorridos.

Ao quarto dia, ainda em Lisboa, tem a seu lado a deputada socialista Isabel Moreira, que o define como o candidato mais bem colocado para combater o populismo, seguindo depois para Norte e Centro do País.

Um dos momentos altos da campanha aconteceria ao sexto dia, já em território “familiar”, na Baixa da Banheira, em Setúbal, numa sessão em que, pela primeira vez, João Ferreira responde a insultos de adversários empunhando uma Constituição de bolso na mão.

Por esta altura, João Ferreira começa, também, a fazer mais referências ao Presidente da República, seja por deixar os jovens em situação vulnerável, por não se esforçar o suficiente na defesa da saúde, não estar atento à situação dos professores, ou mesmo de não usar em plenos os seus poderes para travar a aprovação de determinadas políticas.

Já quase na reta da final da campanha, depois de uma primeira aparição no arranque no Coliseu do Porto, João Ferreira volta a ter a seu lado o secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa, desta vez na Marinha Grande.

Uma das linhas que tem sido comum às ações de João Ferreira tem sido, nas sessões públicas, a apresentação de testemunhos relacionados com os temas em causa, sejam os direitos laborais, das mulheres, os problemas da interioridade ou as dificuldades que o setor da cultura atravessa.

Num dia que decidiu dedicar ao interior, o candidato percorreu os três distritos do Alentejo, onde falou dos problemas do declínio do interior, do aumento da idade das reformas, aproveitando para relançar a reposição de freguesias e a ideia de regionalização.

A dois dias do final da campanha e já no distrito de Aveiro, o eurodeputado teve tempo para uma curta viagem de comboio no “Vouguinha” para chamar a atenção para os problemas da ferrovia, em especial para a Linha do Vouga, que esteve até para desaparecer.

Numa campanha praticamente sem ações espontâneas de rua, os apoios que João Ferreira tem recebido são essencialmente de grupos profissionais – advogados, professores e pessoas de outras áreas -, mas também de ecologistas, entre outros.

Uma das poucas manifestações “isoladas” de apoio surgiu já no frio da noite, numa aldeia do concelho de Serpa, quando uma idosa de 78 anos decidiu enfrentar a baixa temperatura e o medo da covid-19 para ir ver de perto o “camarada” João Ferreira.

Com os últimos dias da campanha centrados no Porto e em Lisboa, o candidato comunista já fez saber que o encerramento da campanha, na sexta-feira à noite, será feito em formato digital, com música, testemunhos e “novos apoios”.

Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).