Esta é a primeira corrida eleitoral de Tiago Mayan Gonçalves, apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), partido que ajudou a fundar em 2017.

Aos 43 anos, não era conhecido, não tinha experiência em televisão e, independentemente de a voz lhe “tremer” ao falar em público, quis expressar a sua ideologia, assumindo-se como o “primeiro candidato genuinamente liberal a Presidente da República”.

A campanha atípica ficou marcada pela pandemia de covid-19 que dominou as intervenções políticas, condicionou a agenda e limitou o contacto com os eleitores e apoiantes.

No entanto, independentemente das dificuldades da campanha, Mayan “jogou o jogo” com as regras impostas e aos jornalistas disse estar a sentir um "apoio crescente".

Garantiu que só faria aquilo que fosse permitido a todos os cidadãos, no âmbito do estado de emergência e das medidas de confinamento e, por isso, transferiu a maior parte das iniciativas inicialmente previstas para o ‘online’.

“Vivemos tempos difíceis que nos obrigam a fazer adaptações a esta campanha atípica. Mas com liberdade e responsabilidade há sempre forma de comunicar as ideias e valores liberais e afirmar uma mensagem de esperança para Portugal”, salientou numa publicação nas redes sociais.

Ao longo das duas semanas de campanha oficial realizou algumas ações presenciais, sempre com poucos participantes, centradas nos temas que dominaram a sua campanha eleitoral: Saúde, os apoios estatais para a TAP e as compensações para pequenos empresários e cidadãos afetados pelas medidas de confinamento.

Reuniu com o presidente da Câmara do Porto, foi ao seu barbeiro de sempre, na Foz do Douro, cortar o cabelo antes do estabelecimento fechar, foi ao aeroporto de Faro alertar para o abandono da TAP e recusar mais “um euro” de apoio à companhia aérea, e passou por um hospital concluído, equipado, mas fechado em Miranda do Corvo, para defender que o país deve recorrer a toda a capacidade instalada de saúde, quer a privada quer a social.

Conversou, por videoconferência, com estudantes, com micro e pequenos empresários de Norte a Sul do país e concluiu: “a destruição económica e social está a acontecer no terreno”.

Defendeu a regionalização, disse ver “muita margem de melhoria” na Constituição, considerou o seu preâmbulo “quase uma peça arqueológica”, mostrou-se contra o “tom e estilo" de campanha de "baixo nível", que se assistiu a meio da corrida eleitoral e defendeu que o “populismo e o extremismo se combatem com “debate aberto, direto, olhos nos olhos e não proibindo ou ilegalizando”.

Garantiu ainda que tudo fará para que o “populismo e o extremismo sucumbam à moderação e à boa educação e para que o ódio e o ressentimento sejam derrotados pela construção de soluções positivas para a vida dos portugueses”.

Mas, pelo meio, deixou uma provocação ao candidato André Ventura, líder do Chega. Em Lisboa, ao lado de um cartaz onde André Ventura escreve “Presidente dos Portugueses de Bem”, Mayan colocou um ‘outdoor’ com a mensagem “O Presidente de todos os portugueses (até dele)”.

O recandidato Marcelo Rebelo de Sousa foi também um alvo das críticas do liberal que o acusou de ser o “ministro da propaganda” do Governo.

A meio da campanha, o presidente da IL, João Cotrim Figueiredo, juntou-se a Mayan para uma corrida em Belém e disse que o candidato tem sido “uma revelação” e está a contribuir para colocar o “liberalismo outra vez no topo da agenda da discussão política”.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para domingo e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).