João Lourenço, que discursava hoje no ato de abertura oficial do ano letivo angolano 2018, referiu que um maior investimento nos recursos humanos é a única via se Angola pretender “realmente tirar o país do lugar em que se encontra em relação aos indicadores do desenvolvimento humano e económico”.
Os indicadores sobre a educação em Angola, em finais de 2017, apontavam para cobertura escolar de mais de 10 milhões de alunos matriculados nos diferentes níveis de ensino e nas campanhas de alfabetização, representando um crescimento de 10% em relação ao ano letivo de 2016.
As estatísticas indicavam ainda um aumento de 10% do rácio aluno/sala de aula, de 18% do rácio aluno/professor, em comparação com 2016, demonstrando que o ritmo de construção de salas e de recrutamento de professores não acompanhou o aumento da procura e oferta educativa, tendo deixado milhares de crianças fora do sistema do ensino, “situação que urge reverter o quanto antes”, disse João Lourenço.
“Uma taxa de aprovação de 75%, representando um decréscimo de 3.3 percentuais, uma avaliação negativa de 0,4% da alfabetização, com um decréscimo de 51% de alfabetizadores, o que compromete o cumprimento da meta definida, um decréscimo em 7,2% dos efetivos docentes no geral”, avançou ainda o Presidente angolano.
O chefe de Estado angolano considerou, contudo, satisfatório o nível de execução das metas do setor, se for levando em conta que “a atual crise económica e financeira afetou o bom desempenho dos dispositivos do sistema de educação e do ensino, principalmente no que diz respeito à conclusão de infraestruturas escolares, ao recrutamento de novos professores e à aquisição de material didático e de meios de ensino”.
Para a adoção de “práticas corretas no combate à corrupção e outros males”, desafio a que se propõe o novo Governo de Angola, João Lourenço defendeu que será necessária “uma maior atenção à educação, não só por parte do Governo, mas também dos gabinetes provinciais da educação, dos diretores das escolas, das famílias, das igrejas e da sociedade civil no geral”, reforçando desta forma, em conjunto, “os valores morais, a coesão social e o patriotismo”.
“O Governo vai continuar a incluir na sua agenda a proteção e valorização das crianças e da juventude, promovendo a oportunidade de acesso à escolaridade e à formação profissional ao longo da vida. Vamos encarar a educação como um direito constitucional e trabalhar para garantir o pleno funcionamento das instituições escolares, contando para tal com a contribuição de todas as forças vivas do nosso país”, disse.
Segundo o Presidente angolano, a sociedade está hoje mais aberta e os cidadãos com maior liberdade de expressão e de opinião, o que tem permitido também o seu parecer nas discussões na especialidade na Assembleia Nacional, do Orçamento Geral do Estado para 2018, condicionado aos poucos recursos financeiros disponíveis e às receitas arrecadáveis previstas.
Contudo, referiu João Lourenço, o executivo está orientado a ser flexível na discussão na especialidade na Assembleia Nacional, antes da aprovação definitiva, redistribuindo as verbas até onde for possível e recomendável, a favor de um aumento nos setores da educação e da saúde, como de outros, que afetam mais diretamente a vida dos cidadãos.
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