“É um homem desqualificado e que não respeita a democracia. Um homem que desrespeita a democracia não poderia estar num Governo que se diz democrático”, afirmou Rodrigo Maia, numa transmissão em direto, na sexta-feira, nas redes sociais da revista IstoÉ.

“Um homem com essas qualidades não poderia ter sido ministro de pasta nenhuma, muito menos da Educação. É um drama para o Brasil, com toda a crise que temos, com todas as desigualdades de qualificação da nossa população, termos ainda ter um ministro desqualificado como esse”, acrescentou.

Maia comentava o polémico vídeo de uma reunião ministerial, de 22 de abril, que foi divulgado na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após ter sido apresentado como prova de uma suposta tentativa de interferência por parte do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, na Polícia Federal.

Na reunião, na presença de outros ministros e de Jair Bolsonaro, o ministro da Educação brasileiro defendeu a prisão dos juízes do STF e afirmou que há muita corrupção em Brasília, capital do país.

“Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”, disse Weintraub na ocasião.

Na sequência, um juiz do Supremo brasileiro determinou que Abraham Weintraub seja ouvido pela Polícia Federal sobre as declarações prestadas na reunião de ministros.

Também o Senado brasileiro aprovou a convocação do ministro da Educação para explicar as declarações em causa.

Apesar de o Governo brasileiro ter apresentado ao STF um pedido para tentar suspender o depoimento de Abraham Weintraub à Polícia Federal, o ministro acabou por se apresentar na sexta-feira às autoridades.

De acordo com a imprensa local, o ministro da Educação manteve-se em silêncio durante a audição, invocando o direito constitucional à não auto-incriminação.

Sobre os mais de 30 processos de destituição entregues na câmara baixa do Congresso brasileiro contra Jair Bolsonaro, Rodrigo Maia frisou que, num momento adequado, irá avaliar a questão, acrescentando que o foco agora é combater a pandemia da covid-19.

“Primeiro, a nossa prioridade é salvar vidas e garantir emprego e rendimentos para a população. Segundo, esse é um processo político, que precisa ser avaliado com muito cuidado e com muita isenção. O presidente da Câmara dos Deputados, na hora de decidir sobre um processo de destituição, torna-se num juiz. Então, não me cabe ter opinião sobre esse tema”, avaliou Maia, a quem compete fazer uma análise inicial das denúncias contra Bolsonaro.

Entre as cerca de três dezenas de pedidos de destituição contra o chefe de Estado brasileiro, com 17 meses de mandato, constam acusações como alegada prática de crimes de responsabilidade e atentados à saúde pública no combate à covid-19.

Jair Bolsonaro, um dos líderes mais céticos em relação à gravidade da atual pandemia, tem suscitado duras críticas por se opor ao isolamento social para combater a propagação da doença, que chegou a classificar de “gripezinha”.

Até sexta-feira, o Brasil contabilizou mais de 27 mil óbitos e 465.166 infetados pelo novo coronavírus, desde o início da epidemia do país, tornando-se no quinto país do mundo com maior número de mortes causadas pela covid-19.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 362 mil mortos e infetou mais de 5,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.