“A nossa decisão, soberana e individual, de não ouvir a mensagem do senhor Michel Temer na assembleia-geral obedece à nossa dúvida de que, diante de certas atitudes e actuações, se queira lecionar sobre práticas democráticas”, segundo um comunicado da diplomacia costa-riquenha citado pela agência EFE.
O texto informa que o governo da Costa Rica tem acompanhado a situação do Brasil e o processo que levou à destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff.
No documento, lê-se que o executivo tem “seguido rigorosamente todas as formas diplomáticas e de respeito quanto ao processo político no Brasil”, mas expressou a sua “preocupação com a situação naquele país”.
O embaixador da Costa Rica na ONU, Juan Carlos Mendoza, permaneceu na assembleia-geral durante o discurso de Michel Temer, de acordo com a diplomacia costa-riquenha.
Quanto à saída da sala das delegações da Bolívia, Equador, Venezuela e Nicarágua durante o discurso de Michel Temer, o governo da Costa Rica informou que não lhe cabe fazer comentários sobre a motivação desses países.
No seu primeiro discurso na assembleia-geral da ONU, Michel Temer disse que o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência “transcorreu dentro do mais absoluto respeito constitucional”.
“O facto de termos dado esse exemplo ao mundo implica que não há democracia sem Estado de direito – sem normas que se apliquem a todos, inclusive aos mais poderosos”, disse.
O polémico processo de destituição da Presidente Dilma Rousseff decorreu durante meses e culminou com a sua saída por irregularidades orçamentais.
Como consequência, Michel Temer assumiu o poder em definitivo a 31 de agosto, mas, mesmo depois de findo o processo, tem sido contestado em protestos populares no Brasil e em pequenos atos convocados no exterior.
Após a sua chegada a Nova Iorque para participar na assembleia, alguns manifestantes juntaram-se em frente ao hotel onde ficou instalado com cartazes onde se lia a frase “Fora, Temer”.
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