“Continua a ser importante a presença do ensino de português nas escolas portuguesas em sociedades e em Estados-irmãos da comunidade que fala português mas é cada vez mais importante o ensino do português nos confins do universo, onde essa questão não se levantava há 10, 20 ou 30 anos”, considerou.

O Presidente da República falava no Camões — Instituto da Cooperação e da Língua I.P, em Lisboa, numa iniciativa designada “Camões dá que falar”, no instituto que visitou pela primeira vez como chefe de Estado.

Como exemplo, Marcelo Rebelo de Sousa apontou a importância do ensino da língua portuguesa na China, na Rússia e em países da “África dita francófona” e das “Américas de língua castelhana e inglesa”.

“Isso é um desafio muito complexo em termos de definição estratégica”, reconheceu, face à “parcimónia de meios”.

Contudo, o Presidente da República considerou que aquele desígnio constitui uma mudança que corresponde ao desafio de o país ser “uma plataforma de culturas, civilizações, entre continentes”.

Em resposta a uma pergunta da assistência, composta pelos funcionários do instituto Camões, Marcelo Rebelo de Sousa disse que observou que o facto de o secretário-geral das Nações Unidas ser um português [António Guterres] “mudou largamente não o essencial da política externa mas a intensidade das solicitações na efetivação da política externa”.

E isso acontece na Defesa, na procura de soluções humanitárias, na mediação de conflitos e no desenvolvimento económico, acrescentou.

Instado a dar a sua opinião sobre as pretensões de comunidades portuguesas no estrangeiro que reclamam que o ensino do português como língua materna deve prevalecer sobre o ensino do português como segunda língua, Marcelo Rebelo de Sousa disse que deve haver um equilíbrio.

“O desafio que temos cada vez mais no mundo é o desafio da língua portuguesa como língua universal. A dupla dimensão da língua materna vista tradicionalmente e a língua universal nos portugueses vivendo num contexto completamente diferente tem de ser cultivada com extremo cuidado”, disse.

Em face de “nostalgias, traumas, saudades” manifestadas por portugueses que vivem no estrangeiro, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “a transição tem de ser muito bem explicada para poder ser bem assumida”.

A dificuldade de compreender e aceitar a mudança “nota-se em sociedades europeias e não europeias em que também há esse debate”, disse, considerando que “tem de haver aí uma grande paciência e capacidade de diálogo para entrosar as várias gerações de compatriotas”.

O Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. é um instituto público tutelado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros que tem por missão propor e executar a política de cooperação portuguesa e a política de ensino e divulgação da língua e cultura portuguesas no estrangeiro.