No encerramento do II Encontro de Mulheres Autarcas de Freguesia, no Grande Auditório do Taguspark, em Oeiras, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "é preciso fazer muito mais em termos de participação política das mulheres" e afirmou mesmo: "A luta continua, para utilizar uma frase que ficou associada a um período histórico da afirmação da nossa democracia".

"É evidente que o Presidente da República não pode manifestar preferências partidárias, não pode nem deve. Mas esta preferência pode manifestar, que é manifestar o desejo de que, no futuro, haja muito mais mulheres a exercer funções políticas de liderança", acrescentou.

Ressalvando que não deseja "mal nenhum ao presidente da Anafre", o chefe de Estado considerou que "um primeiro sinal já muito bom" seria "que houvesse uma mulher presidente da Anafre", e que "passasse, aliás, a haver também, normalmente, uma mulher presidente da Associação Nacional de Municípios".

"Era um bom sinal, era um sinal de que o país, não só tinha já mudado, como prometia mudar ainda mais no futuro", reforçou.

No seu entender, uma maior participação política das mulheres "é fundamental para o país", não apenas "pelo facto de corresponder à sua representatividade na sociedade portuguesa, que não é de 7 ou 11%", mas também pelo seu "contributo próprio essencial".

Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que as mulheres exercem o poder com mais "sensibilidade ao concreto" e com um "sentido não possessivo", encarando-o como "um poder-missão", tendo por isso "menor número de casos de corrupção ou outro tipo de atividade ilícita".

Imediatamente antes de participar neste encontro, em Oeiras, o Presidente da República visitou o Centro Ismaili, em Lisboa, onde elogiou e agradeceu o contributo desta comunidade muçulmana para Portugal e voltou a destacar a tolerância religiosa da sociedade portuguesa.

"A nossa sociedade, Portugal, em 2016, ficou em primeiro lugar no indicador sobre tolerância religiosa no índice de progresso social. Quando se olha para todos os países e se pergunta qual é o país que tem maior tolerância religiosa, maior aceitação da religião de cada um, e até a liberdade de não ter religião, nessa classificação, Portugal apareceu em primeiro lugar", declarou.

Esta declaração suscitou uma salva de palmas da assistência, onde estavam centenas de pessoas da comunidade ismaelita, que tem cerca de sete mil membros em Portugal, a maioria com origem na Índia e passagem por Moçambique.

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a ação social, a aposta na educação e na formação e a abertura desta comunidade, da qual se disse "irmão".

Por outro lado, considerou "uma honra" para o país a escolha de Portugal para a sede mundial da comunidade ismaelita, acordada em 2015 pelo anterior Governo PSD/CDS-PP com o príncipe Aga Khan, líder espiritual dos ismaelitas.

"Convosco, Portugal tem ficado mais rico, mais aberto, mais tolerante, mais compreensivo, mais plural, mais universalista. Bem hajam todos vós. Muito obrigado, em nome de Portugal", concluiu o Presidente da República.